quarta-feira, maio 12, 2010

[É nos silêncios que se fazem os gritos] -- [Pequeno intervalo n(d)a ausência]




Pulei do alto de uma Serra, na tentativa de organizar a espinha.
Ficaram-me os ossos.
E este frenesim maldito, desprezado, amaldiçoado de agonias pegadas ao sangue.
Sem âmago. Pari-me.
De pernas abertas. Completamente esparramadas, não houve pudores, vergonhas.
Nem sequer apaguei a luz, ou fechei a porta.
Pari-me logo ali. Onde deu vontade, onde quis, onde me apeteceu.
Foi de real gana. Completamente aberta.
Quando dei por mim já cá estava deste lado. Do impróprio.
A guinchar alma por todo o lado.
As paredes de odores esquisitos. Urbanos. Demasiadamente arquitectónicas. Certinhas.
De bom gosto, dizem muitos. De mau gosto, digo eu. Que o desarrumado da alma é personalidade, já de sentimentos é corrupção.
Aperto o cinto. Dói-me os tornozelos.
Deve ser lama esta circunstância humana.
Este lodo. Escorrego. Maltrato-me.
Afinal nada foi ás claras. E eu que nunca arrumo a alma, esqueci-me de apagar a luz.
De maquilhar os sentimentos. De fechar as pernas.
E de parir-me.
Devia apenas ter-me prostituído.
E aprender contigo. A vender a alma ao Diabo.
Arrumo os ossos.
Esfrego as coxas. Amanho a aorta.
Cruzo as pernas.
E num pouco de argila, alguém escreveu: Puta que te pariu.