de Verão era um pouco mais tarde, e nunca com os quinze minutos.
Apertava os ténis rotos, um deles já sem atacadores.
E saia.
Descia as escadas de dois em dois degraus.
No Inverno, pois no Verão cada degrau tinha outro sabor.
Não porque era melhor mas, porque era(m) mais denso.
A porta do prédio estava sempre entreaberta.
Quer dizer, no Outono nem porta tinha.
E saia.
Saia pela rua abaixo com um desalmamento tal que parecia mudo.
Não de fala.
A rua era íngreme, de calçada, de ferro de varandas, de vasos sem terra.
Lá ao fundo um pombal de madeira de eucalipto.
E pelas dezoito horas menos dez minutos ele parava.
De Primavera.
E escrevia um bilhete, pousava o lápis no alpendre da mercearia ao lado.
Pousava-o, não o guardava. Pois nunca escrevia tudo o que queria mas, apenas o que podia.
E o que podia era tão pouco, que estremecia.
Suava a alma aquele estremecer.
O espírito nem tanto.
Mas, a Alma... ai a alma o quanto suava.
E já pingava nas letras daquele manuscrito que ele cuidadosamente enrolava.
E tirou o único atacador que tinha.
Pegou no pequeno papel e no pombo de nome Medo, atou no tornozelo do 'Medo' o manuscrito.
Atou.
Não se soltou.
Tinha Asas.
Mas, tinha medo.
E ficou apenas.
Assim.
Apenas.
19 comentários:
E será qie o medo levou os seus sentidos para longe?
Ou será que foram os sentidos que levaram o medo para um lugar distante.
Seja como for, agora terá de ter mais cuidado sob pena de tropecar nos sapatos.
Bjos daqui
Eugénio
Estranha, tu és uma génia sabias? Sério! Acredita em mim! És quase tão passada como eu! Incrivel!
Um beijo grande para ti!
Estranhazeca...
Lembro-me MUITO bem de um texto teu...
O da Bicicleta!
Até aqui, até agora a este momento. Ou seja, até ao momento em que comecei a ler este texto que acabei agora de ler, tinha-o como o meu texto favorito entre os favoritos...
Hoje foi destronado por este "Sombras"...
...deve ser pela música que o acompanha, embora não me pareça que seja isso! Acho que deve ser pela subtileza de tudo o que dizes
nas entrelinhas...
Também tenho um Medo que nem sempre é um pombo...por vezes é águia, outras vezes pardal e outras vezes em que é Fenix. O sitio onde vive é que é sempre o mesmo...é numa caixa de fosforos com alguns fosforos que vou gastando em cada esvoaçar para longe...
Simplesmente adorei!!!!
Passa pela minha loja...tá lá um sonoro quase tão cool como este que tens aqui!!!!
Hasat ames apartado
Lindo, fascinei-me com a/o saia ;)
O medo não o vi, não deve ter passado por aqui.
O manuscrito touxe-mo o vento!
Kiss per tê, até outro desisntante.
(o que é que é que é que é que o fulaninho lá em baixo esconde?)
Este foi um dos teus melhores poemas que eu li :)
adorei :)
Bjs**
E não houve ninguém que explicasse ao Medo que podia abrir as asas e voar?
É realmente por causa do Medo que muitas palavras ficam assim... apenas... por dizer
O Medo é assim mesmo: tem asas mas não voa... Tens razão. Mas há quem julgue ter asas e até julgue voar mas só rasteja... há que ver ambos os lados da barricada...
Ter asas mas não conseguir voar.
É o medo.
São as penas.
É o peso das próprias penas que não deixa o medo voar.
É por vezes a falta de força nas asas de não terem voado nunca, ou voarem muito pouco.
Por vezes tambem o medo gosta do medo e naõ deixa o medo partir.
Preso a si próprio fica
só comm suas asas inertes
e suas pesadas penas
Tudo o que escreves fala, tudo o que escreves depois de escrito tem longas conversas.
Tenho longas conversas eu e as tuas palavras.
Esta foi uma conversa especial... acredita.
Até breve.
Isabel
....oooO
....(....)... Oooo
.....)../. ...(....)
....(_/.......)../
..............(_/
....oooO
....(....)... Oooo
.....)../. ...(....)
....(_/.......)../
..............(_/
...... Passei por aqui
......... E desejo
......... Um bom fim de semana
BEIJOS
Suava a alma aquele estremecer.
O espírito nem tanto.
Mas, a Alma... ai a alma o quanto suava.
....Tinha Asas.
Mas, tinha medo.
E ficou apenas.
Assim.
Apenas.
Dsc querida amiga, mas não consigo comentar, apenas chorar, ao ler este texto...
ficar apenas, porém suado e expectante da hora de partir novamente.
entre o ir e o vir passa um mundo novo...
Pierrot,
Os medos sublinham ainda mais os sentidos....
Já tropeça.
**
Tino,
Nada de génia.
Passada, estranha, desassossegada, inquieta.
Génia não! :P
**
Magia,
É pah corei com as tuas palavras eheh
Mas, olha eu nem me atrevo a reler estas linhas..
Sufoquei ao escrever..
E lagrimei nas entrelinhas..
hasat for you cromeite da estação
Louco,
Não viste?
Mas... sentiste???
Eu cá senti.
E sinto.
Neste e noutros instantes.
**
Sem comentários,
Corei again :P
***
Rouxinol,
E há sentires e sentires...
Eu cá tenho medo destes... sentires.
Mas, concordo ctg. Sim!
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Isabel,
E é o não acreditar do ser sem medos.
Eu também tenho longas conversas com as tuas palavras...
Sim, tenho.
Tão absorvidas que quase não dás por mim.
Mas, estou lá.
Estou.
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Nadir,
Que seja um fds sem medos.
**
Velinhas,
E eu ao escrever...
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Tiago,
E o Medo aniquila esse novo mundo...
E pesa.
Tanto.
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Os medos...
Tão vulgares e tão assustadores...
Não há rotina que entre com eles...
Bom dia!
Até nas sombras...o prazer de saborear nas entrelinhas...
Bom fim de semana:)
Iniciou-se a contagem decrescente para o lançamento do livro «Que é o Amor?».
Colaborei com um texto da minha autoria, dedicado a todos que de alguma forma marcaram a minha Vida em momentos inesquecíveis, mas também a alguém muito especial que nasceu dia 7 de Fevereiro e que, por não pertencer ao Mundo dos vivos, guardo com muito Amor, na minha memória (minha Mãe).
É uma excelente oferta em qualquer altura, mas como se aproxima o Dia dos Namorados, será bom começarem a preparar as vossas encomendas quanto antes.
Beijos e abraços.
E assim ficou, atado por um atacador a um inverno de medo e a uma primavera de esperança.
Belíssimo, este passeio!
Beijos.
O medo aos poucos vai sendo reduzido até que voe em liberdade.
Beijos ao vento.
fiquei sem palavras... mesmo...
parabéns pelo blog...
:)
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