sexta-feira, maio 17, 2013

Linha



No próximo apeadeiro deita a mala fora. Não esperes pela estação, ela pode não chegar.
Tira a gravata. Tira tudo. Tudo o que te sufoca. Que te prende. Que não te abrace.
Tira. Fica a nu. Completamente a nu. Sem medos. Eriça-te.
Abate o que...
te estrangula. Tau. Mata isso. Enterra e faz cócó em cima.
Caga de alto para as recordações menos boas. Ou então pega nelas apenas
solidificar a tua ‘coluna’ e dares valor… aquele valor... ao que merece realmente a pena.
Aquelas recordações, mala cheia de autocolantes, sítios, pessoas, passagens, ora metade cheio, ora metade vazio. Se tinhas uma destas com um cinto castanho, e apertavas o cinto conforme as sensações, e um dia apertaste tanto tanto mas, tanto… que esqueces-te de sentir, guardavas tudo e no fim não vivias nada. Hoje, sim hoje orienta-te e fica sem mala. Arranja antes um bolso… Eu cá gosto de bolsos, daqueles pequenos como eu… guardo o necessário para respirar..
E o resto dou ao vento..
Saio na próxima estação.
Gosto de estações… as malas grandes só servem para apeadeiros.

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