Foi o que ele disse. Encostado ao armário de madeira. Pernas cruzadas, o corpo virado para leste. Dizia que era como as corujas. Sempre pousadas para Leste. Onde há iluminação. E sim, disse ele. E lá ao fundo da sala. No canto leste. Aquele canto, o mesmo que tantos silêncios já ouviu. Partilhados. Fundos.
Aproxima-te.
E ela na poltrona.
Encostada ao manto vermelho. Ligas pretas, o corpo virado para Norte. Dizia que
era como as serpentes. De nortadas. Ousadas. Onde há talvez a escuridão. E sim,
disse ela. E lá do outro lado da sala. Do canto Norte. Aquele canto, o mesmo
que tantos gemidos já ouviu. Partilhados. Fundos.
Eu disse,
aproxima-te. Não ouviste?
Cruzou os braços.
Acendeu um cigarro. Tirou os olhos do chão, olhou a poltrona. E ela de costas.
No vermelho. Do pecado. O corpo apenas com aquelas ligas pretas. Entre luz de Outono. Da janela do canto sul. Fim de tarde. De dourados.
Aproxima-te.
Disse ela. Descruzando as pernas. Aliviando a liga.
Tocava um piano. Lá
fora. Tinha cauda. Sem músico. De pautas.Disse ela. Descruzando as pernas. Aliviando a liga.
Tocou-lhe na face.
E não se aproximou.
Disse ele.Com ela.
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