segunda-feira, maio 23, 2011

In|rituais

Se uma convulsão durasse três segundos.
Qualquer uma que seja.
Espasmo. Êxtase. Arroubo.
Haveria uma qualquer função. Talvez quadrática.
Que expresse tal distância.
E aí faríamos uma subtracção, seguindo de uma divisão.
E ficaria o encantamento convertido a um qualquer metro por segundo.
Mas não dura.
Dura mais. E mais. E mais.
Parece que todos os ossos do esqueleto perfuram a pele. Salta as unhas.
Unhas, não! Casco. Sim, casco. Porque os ‘pseudo-sentimentos’ são tantos, que são cascos.
Agarrados ao chão. À terra. À areia. Solo.
Apetece partir tudo. Estorvos afligidos. Engelhados.
Sem tempo para papéis de parede.
É um absurdo. Um total absurdo esta raiva que sinto bem aqui. Na ponta da Alma.
Como se a Alma tivesse ponta. A minha tem. E é dessa ponta que falo.
Às vezes o que me apetece mesmo é arrancar essa ponta à dentada.

Com os dentes lá detrás.
E roer. Roer. ROER. Até à exaustão.
E ficar com a Alma escancarada, sentada. A rir. Da ponta mordida.
Agressiva esta minha vontade. Como rochas estancadas do Espichel.
Querem-me omissa. Respondo à dentada.
Querem-me calma. Não posso. E não lamento. Tenho ganas a subir por mim acima.
Querem-me alheia. Observo.
Querem-me de ríspidas normas dietistas. Como. Devoro. Arroto. Se for preciso.
À escala de Sol. Gramam com a Clave de Fá.
Dói-me tudo. Sem nunca ter querido nada.
Calem-se. Mas calem-se agora. É que de bestas quadradas, já me basta esta.
Esta ponta aqui bem no fundo da Alma.
Arroto.
E não. Não ando doida. Mas lúcida.
E é isso que me lixa.
Isso. E os rituais.