domingo, abril 26, 2009

A modos que Analfabeta


Não sei muito bem.
Escrever.
Não sei muito bem contar.
Não sei muito bem.
Pintar.
Não sei muito bem.
Cantar.
Não sei muito bem.
A cor da Selva.
O sabor do Mar.
De como se faz manteiga.
De onde vem a chuva.
E o medo.
Não sei muito bem.
Dançar.
Respirar.
Falar.
É. Não sei mesmo nada bem falar.
Transmitir.
As ideias.
De andar. Por ruas.
Alcatroadas.
Calcetadas.
Emparelhadas.
Não sei muito bem.
As certezas.
Dos toques. Dos ouvidos. Dos sussurros.
Qualitativos e quantitativos.
Discretos e contínuos.
Daquela substância incontrolada do olhar.
Não sei muito bem abdicar.
Da assistência. Do bater. Do não saber. Nada bem. De coisa nenhuma.
De alguma coisa. Ainda por não saber.
Resumindo.
E a modos que baralhando.
Sou meia, a puxar para o inteiro, de algo analfabeta, disto a que chamam de Dias.

sábado, abril 18, 2009

Pele e Osso


Porque não parou.
Porque não se moveu.
A vida dá muitas voltas.
Dizem alguns.
Se dá voltas. Fica no mesmo sítio. Dizem outros.
Círculos.
Andamos todos em círculos.
Com diâmetros, raios, vizinhanças.
Topologias.
De retinas.
Olhares. Presos.
Hoje houve um que teve esse dom.
Quer dizer.
Não sei se foi dom.
Mas, que foi qualquer coisa. Lá isso foi.
Não medi o diâmetro e muito menos o raio da retina.
Durou cerca de um luz fusco.
Cinco, sete minutos.
Sem arredondamentos.
Nem por excesso, e muito menos por defeito.
Foram cerca de cinco sete minutos.
Minto.
Foram cinco e sete.
Mas, foram segundos.
Vocês sabem aqueles olhares que nos despem por inteiro?
De esquelete. Espírito. Inteiro.
Alma, silhueta, contorno, perfil, ombros, sombra, fio.
Ficamos assim naqueles cinco sete minutos sem eira nem beira.
Pêlo.
Fica só e apenas o pêlo.
Com toda aquela epiderme arrepiada.
Endrominada. Pela razão.
Sei lá o que aquilo foi.
Não sei.
E é esse não saber que me fascinou.
É.
Foi isso.
E foi bom.
Olha lá.
Psst psst
Da próxima vez atreve-te a tocar!

quarta-feira, abril 15, 2009

quarta-feira, abril 08, 2009

Palma da mão.

Falemos de amor.
Falemos daquilo que nos faz realmente mover.
Não falo daquela paixão do momento.
Daquela tesão movida por uma qualquer lua cheia.
Falemos de amor.
Que não é, senão um fabuloso guisado de tudo isto.
Paixão. Movimento. Tesão. Sabor. Condimento.
Hoje falemos de amor. Com tudo a que tem direito.
Falemos do amor vinte e um.
Século XXI.
O chamado amor movido pela Web.
Escrevo de um café. Centro da vila. Vinte para as dez da noite.
Moscatel na mesa. Ventil na cadeira.
No balcão várias pessoas.
O tema: O amor.
Conversas paralelas. Algo em comum.
Ambas conheceram a chamada cara-metade pela chamada auto-estrada do novo milénio: A Web.
Uma percorreu cerca de 300 quilómetros. Outra atravessou o Oceano.
Arriscaram tudo por uma pessoa que não conheciam.
Que nunca tinham visto.
Cheirado.
Penetrado.
Arriscaram.
Viram. Penetraram. Em cada entranha. Retina. Célula. Suor.
Existe quem viva uma vida inteira e nunca conheça o seu parceiro.
Que nunca tenham partilhado uma palavra. Uma frase. Uma linha. Uma entrelinha.
Um bocejo que seja por algo que mesmo que não seja comum, é partilhado.
Falemos de amor.
Falemos de estranhas. De caminhos. De ruelas. De orifícios.
Falemos daquilo que nos faz saborear cada átomo como se fosse aquele.
Aquele único, que transporta uma qualquer página em livro.
Falemos de tesão.
Daquele orgasmo que não tem limites.
Com cheiros. Sabores. Tropicais. Rurais. Urbanos.
Que importa que seja pela Web. Pelo café. Pelo bar. Pelo local de trabalho. Pelo telefone. Pela paragem de autocarro.
Importa sim, que não hajam stops.
Nem intermitentes.
Preto no branco. Sem cinzentos.
Chega para lá, e vem cá.
Falemos de vida.
Mas, falemos disso amanhã.
Hoje prefiro mesmo, é saborear esta lua cheia.
No centro da vila. Com uma leve brisa rural com cheiro a marfim.
Daquele que é esculpido a paixão.
É uma espécie de palma da mão.
As linhas estão lá.
Cabe a nós as percorrer da melhor maneira possível.
E que essa maneira, seja aquilo que nós quisermos
.