sábado, junho 30, 2007

Pulsos de Desejos.

Era um café.
Um café como outro qualquer.
Durante anos eles frequentaram esse café.
Durante anos nunca deram um pelo outro.
Acenderam cigarros.
Beberam dos outros.
Quiseram o que não queriam.
E nunca deram um pelo outro.
Um dia deram.
Seduziram-se.
Enlaçaram-se.
Suaram.
Penetraram.
Não quiseram.
Recusaram o raro.
Saltaram o risco.
A loucura ficou inválida.
Serena.
Sem lábios.
A sedução ficou pelo olhar.
Quiseram sair.
Sair daquela loucura.
Do desejo.
Daquela ânsia que consumia os movimentos.
Deslocaram-se em sentidos opostos.
Movimentos contrários.
Pensaram eles que nunca iriam falar.
Como se o desejo fosse de falar.
E é o olhar.
Essa fome de rebeldia.
De rasgar uma qualquer coisa que nunca foi.
É loucura.
Completa loucura o querer.
Intenção insensata de recusar.
E nem sequer olham.
Porque é lá.
Lá na retina.
Que o desejo salta.
Sou atrevida o suficiente para olhar.
E tu?
Olhas?
-
-
-
Um dia destes, atreve-te a tirar-me as algemas.
Se faz favor!
Seduz-me.
Quero ficar nervosa!

domingo, junho 24, 2007

Danço descalça.

Não tenho genéricos.
Não uso genéricos.
Não sou a farmácia.
Nem tão pouco referência para ninguém.

O meu código de barras não é preto nem branco.
Nem tão pouco de linhas paralelas.
A perpendicularidade desses pacotes ficou sem prateleira.
Genéricos de referência?


Só se for ao fragmentar!

terça-feira, junho 19, 2007

Dodot Dodot


Existem certas merdas na puta da vida
que nem com perfume de rosas a coisa lá vai.
E sobre isso só tenho a dizer que:
A culpa não é da vida.
Sentamo-nos é na sanita errada!

domingo, junho 17, 2007

Sem Saldo

Alô, Vida ??!?!?!?!
Dá-me só um segundo, vou buscar a Alma.
Encontramo-nos na Saudade do costume!

sexta-feira, junho 15, 2007

Beco

Quando o tempo já nada teme.
Quando o que resta é poeira do que nunca foi.
Quando tudo não passa sequer pelas partículas.
Disto.
E se quiserem também daquilo.
Temam!
Isso não é mais que sequer o pensado.

segunda-feira, junho 11, 2007

Contraponto

A existência tem lugar para ironias.
A vida não!
-
-
-
É que nem vale a pena tentar as luvas brancas!

sexta-feira, junho 08, 2007

Diâmetros. Raios. E .. Coriscos!

- Escolhes o quê?
- A cruz.
- Mas, eu não quero ficar com o círculo.
- Porquê?
- Não sei onde começa …
- E sabes onde acaba?
- Sei.
- Como é isso?
- É como a cruz. O sentido está no cruzamento das linhas.
- Mas, no círculo não existe cruzamento.
- Enganaste, a maior encruzilhada da vida é o diâmetro.
- Como assim?
- Colocas o bico do compasso no centro.. o Raio é à tua escolha..

Compasso. Corre. Anda. Apressa o passo.

Compasso. Mínima. Seminima. Pausa. Não pares.

Compasso. Bico. Afia. O lápis. Escreve. O teu.

Compasso.

Tens?

Nota de Rodapé: E porque hoje é dia de Linkin ParK... Aqui fica Somewhere I Belong... Somewhere.............I Belong.........

quarta-feira, junho 06, 2007

Metamorfose

Cerro os dentes,
Lavo toda esta metamorfose.
Contenho toda esta má impressão.
Não a minha.
A vossa.
Este rosto já não é meu.
Mutação na retina, película na narina.
Cheiro.
Este cheiro que penetra.
Que fornece a mudança.
Não a vossa.
A minha.
Isto não é memória.
Já foi.
Agora.
Agora é movimento.
Nem sequer vou abotoar a camisa.
Já não uso botões.
Perdi-os.
Não os meus.
Os vossos!
As casas não se ajustavam.
Não as vossas.
As deles!
-
-
-
Cerro os dentes.
Supõe tu, isto tudo.
Mas, com exaltação.
… é que.. eu contive toda esta má impressão!
-
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-
-
-
-
E no meio de toda esta comoção,
Não te esqueças de levar o anti-derrapante.
Não o meu.
O deles.
Nota de Rodapé:
Está aberto um Leilão [ver - caixa de comentários], os possíveis lucros reverteram para a minha estadia no sanatório da vila. Arigatô!

domingo, junho 03, 2007

Aconchego

Não sabiam sequer o medo que tinham.
A ânsia que os envolvi era de tal modo agressiva, que qualquer sopro de ternura era insuficiente para atenuar os rostos cansados.
Cansados de esperar! O receio estava estampado no olhar. Dele. E dela.
Alguém disse vezes sem conta que não valia a pena.
Insistiram. E esperaram.
Tudo o que importava era resolvido num segundo. Num denso segundo.
Mas, os minutos que se antecederam. Que se antecedem. São mórbidos.
Terrivelmente mórbidos. Os gestos custam.
Os músculos não obedecem.
E lá dentro a ânsia.
E cá fora o medo.
E entre eles os dois… a espera!
‘Insanamente’ sentem.
Porque o sentir é insano.
Excessivamente insano.
Rasga o meu medo, disse ele.
Rompe a minha ânsia, respondeu ela.
Já não importava.
Calaram-se.