segunda-feira, outubro 27, 2008

A tua mãe que te ature


Cala.
Cala-te.
Não repitas inatamente o que não queres.
Não digas.

Não bocejes.

Nem te atrevas sequer a suspirar.
Cala. Cala-te de uma vez.
Cala essas raízes que insistes em regar.
Em escravizar a uma terra, que não é a tua.
A minha. A nossa.
Cala-te. Mas, cala-te bem.
Não te cales só por calar. Só porque digo. Só porque exijo.
Impuseste leis, decretos leis, legislações, obrigações tais.
Cala-te. Adormeceste o que demais teu tinhas, o teu sorriso, a tua vida, o teu brilho.
Cala-te e não me imponhas, coisas, gestos, endrominarias que nem tu mesmo sentes.
Cala-te.
Mas, cala-te de uma vez.
Que sejas noite, dia, madrugada. Que sejas nada nesse tudo que agora construíste.
Mas, cala-te.
É que os meus ouvidos já não reconhecem a tua voz.
E os meus sentidos não se regem por aparências.
Cala-te.

terça-feira, outubro 21, 2008

Quero que o parecer mal se foda!


Pessoas.
As pessoas são formidáveis.
E são-o tanto para o bem, como para o mal.
Já são poucas as pessoas que conseguem viver de acordo com a sua consciência.
E não falo daquela consciência simbólica.
Falo mesmo de percepção intuitiva.
Do agir com desprendimento total, sem aquele sentimento do parecer mal.
Aparências. No fundo tudo se resume a isso.
Ás aparências.
Não sentem determinada afecção, porque parece mal.
Não pensam determinado assunto, porque parece mal.
Não são directas com determinada pessoa, porque parece mal.
Não olham para determinada retina, porque parece mal.
Tudo parece mal.
Mas, afinal de contas parece mal o quê?
A quem?

Parece mal uma pessoa ter ideias próprias?
Ahh pois parece, mas cheira-me que parece apenas, aquelas pessoas que não têm ideias.
Parece mal uma pessoa falar sobre sentimentos?
Ahh pois parece, mas cheira-me que parece apenas, aquelas pessoas que não sabem dizer para si mesmo o que sentem, o que querem, o que desejam.
Parece mal uma pessoa seguir pela nacional, quanto podia ir pela auto-estrada?
Ahhh pois parece, mas cheira-me que parece apenas, aquelas pessoas que nunca sentiram o verdadeiro sabor dos chamados caminhos de cabras.
Parece mal uma pessoa ser fiel ao que acredita enquanto ser humano que é?
Ahhh pois parece, mas cheira-me que parece apenas, aquelas pessoas que só se sentem enquanto corpo.
Parece mal uma pessoa ser pessoa?
Ahhh pois parece, mas cheira-me que parece apenas, aquelas pessoas que apenas se limitam a ser gente.
Parece mal eu escrever sobre certos e determinados assuntos no De pernas para o AR?
Ahhh pois parece, mas cheira-me que parece apenas, aquelas pessoas simplesmente tótós, que não sabem distinguir a estranha pessoa esta apenas, estranha pessoa esta, da estranha pessoa esta ´stora.
Para o grupo de pessoas que encheu a minha caixa de e-mail com mensagem do arco da velha sobre o quanto é prejudicial para a minha pessoa escrever sobre certos e determinados assuntos, para essas pessoas, só tenho uma coisa a dizer:
Ide para a puta que vos pariu.
Quero que esse parecer mal se foda.

A mim o que me parece realmente mal, é que com menos de 1% do capital que os Estados Unidos e Europa disponibilizaram para salvar a crise financeira mundial, chegasse para acabar com a fome em Àfrica.
A mim o que me parece realmente mal, é existirem pessoas licenciadas que nunca leram um livro na puta da vida, e depois exigem que as tratemos por senhores doutores.
A mim o que me parece realmente mal, é Portugal ter dinheiro para não sei quantos estádios de futebol, mas para hospitais, escolas, lares… ‘tá quieto.
A mim o que me parece realmente mal, é o meu Concelho ter uma biblioteca que custou não sei quantos milhares de euros, e agora não ter dinheiro para 'a abrir'.
A mim não me parece nada mal as pessoas viverem na hipocrisia uma vida inteira.
Quero lá saber disso, a vida é delas.
Agora não me impinjam é a hipocrisia delas na minha vida.
Não é por nada, mas é que não tenho, nem idade, nem paciência, nem temperamento para aturar certas merdas.


P.S.: A revolução de 1974 teve alguns objectivos, um deles, esse mesmo: a liberdade de expressão.

P.S.2: O De pernas para o AR, não é um blog pedagógico e muito menos matemático.
O De pernas para o AR, é simplesmente a estranha pessoa esta, nua e crua, sem qualquer tipo de preconceitos…


E sobre este assunto, é o que eu tenho a dizer.
Obrigado. Voltem sempre. E tragam um sorriso.

sábado, outubro 04, 2008

Toma lá que cá vai disto. Encosta para o lado e ressona.


Hoje em dia, é mais comum acabar uma relação, do que começar uma.

Atenda-se que falo de relações com cabeça, tronco e membros (e não necessariamente por esta ordem).

As pessoas cansam-se.

E cansam-se com força.

Dos gestos, das palavras… até se cansam dos orgasmos.

É mais usual um amigo nosso chegar junto de nós e dizer: “Acabei uma relação de há 5 anos” do que dizer: “Comecei uma relação com a qual me sinto bem”.

E pergunto eu, porque raio as pessoas quantificam as relações?

Porque raio ninguém diz “Mantinha uma relação com uma pessoa que me fez sentir verdadeiramente bem, e hoje acabou.” ?

A relação até pode só ter durado meia dúzia de meses. E depois?

É menos relação do que uma que durou 5 anos?

Definitivamente, não me parece.

Espremendo certas relações, o sumo que sai, é incolor.

As pessoas não estão para se chatear.

Hoje em dia querem namorar para manter relações sexuais com uma certa regularidade.

E nisto, vem a história de há pouco, preferem a quantidade à qualidade.

E mesmo essas ditas relações sexuais com uma certa regularidade, são efémeras, é como se costuma dizer: toma lá que cá vai disto, encosta para o lado e ressona.

E depois queixam-se com um ah e tal tantos anos e agora?

Inovação. Mudança. Metamorfose.

Esquecem a borboleta, e só pensam na lagarta.

É como ir a um arranha-céus.

O elevador nunca vai até ao último andar, é sempre preciso subir uns quantos degraus para atingir o auge, o pico, a altura máxima.

Hoje em dia as pessoas não estão, é para isso…. Para subir certos degraus.

E ficam-se pelo elevador.

Ficam-se pelo quase orgasmo.

Como se isso bastasse.

Como fosse preciso relações de uma década.

Como se um orgasmo não durasse um simples tic tac.

Como se um tocar de pele no minuto certo não fosse o necessário.

E ás vezes nem é preciso ser no sítio certo, porque o simples tocar, já é certo.

Como se um enlaçar de dedos não arrepiasse.

Cumplicidade de um silêncio invernoso.

Ventania de olhares.

É.

Hoje em dia as pessoas não estão para se chatear.

Preferem um toma lá que cá vai disto, encosta para o lado e ressona, a um… arreliar de entranhas.

Nervos.

Eu cá gosto é de nervos.

Daqueles que latejam.

Toma lá que cá vai disto, encosta para o lado e ressona?

Muitas gracias. Mas, dispenso.

As minhas entranhas merecem mais que isso.

Já ouvi mais que um amo-te.

Mas, nunca me arrepiei o suficiente para o dizer.

É.

Ás vezes o coração pode ser fodido.

E não necessariamente pela ordem habitual.