quinta-feira, julho 31, 2008

Calma??? Mas, quais calmas???

“Tem calma!”
Se há frases que me incomodam, esta é definidamente uma delas.
“Tem calma !”
Se soubessem o que esta merda de frase me irrita.
Uma frase com duas palavras.
Mas, essas duas palavras juntas… valho-nos Deus.
Então quando a bela da frase, vem acompanhada com aquele olhar.
Vocês sabem,
aquele olhar cáustico de “que fraquinha, tão nervosa por tão pouco.”
Mas, eles sabem lá qual é o meu pouco.
Nem pouco, nem muito.
É nada.
Não sabem nada.
E falam como se soubessem.
Como se soubessem o meu respirar.
Como se soubessem os átomos que me movem.
As células que me constituem.
Os parâmetros que me relincham.
Como se soubessem o que a palavra saudade tem para mim.
Como o amor, a amizade, o mar, a matemática, as letras, a pintura.
Como se soubessem a minha memória.
Como se soubessem o que me faz suar. Chorar. Gargalhar.
Como se soubessem alguma coisa.
Conhecem o que eu quero!
E o que eu quero para eles, é qualquer coisa como um simples moscatel acompanhado de um ventil.
Simplesmente. Nada.
Nada.
..
No máximo com duas pedras de gelo, s.f.f. .
É que ando cá com uma azia a tábuas rasas.

quarta-feira, julho 30, 2008

Take 2: Falemos de Sexo


As veias das orelhas saltam.
Mesmo aquelas que nem sequer existiam, tomam agora existência.
O sangue fica mais grosso, e passa a uma velocidade atroz por todos os membros.
As mãos acompanham o arrepio.
Um abalançar.
Ancas.
Sobe pelas ancas acima.
E balançam. Balançam.
Samba. Parece um samba.
Suor.
E as ancas continuam.
O pulso com todo o latejo.
E mais algum.
Os joelhos pedem mais.
Já vai na espinha.
E passa por cada amásio, cada membrana, cada beco do organismo.
As veias da orelha dão o ar da sua graça.
Pescoço.
Ombros. Novamente o pescoço.
Não vai ao cérebro.
Isto não passa pelo cérebro.
Tem via verde em cada ruela, travessa, ladeira do organismo.
Mas, no cérebro… no cérebro é que não!
Dá meia volta.
E vai para o umbigo.
Os pés dão aquele toque.
Os ouvidos dão aquele estalinho.
O sangue pára por um segundo.
E as ancas continuam o samba.

Isto é realmente uma coisa muito importante na vida dum ser humano.
Qualquer coisa mais que a espinha.
A puxar para o desmesurado.

terça-feira, julho 29, 2008

Falemos de Sexo.


Hoje vou sair da linha com que usualmente escrevo.
Falemos de sexo.
Mas, sem metáforas.
Falemos então de sexo.
Mas, daquele duro.
Puro e duro.
Do verdadeiro plofar.
Falemos então de encontros e desencontros.
Sem qualquer tipo de timidez.
Falemos de opiniões.

E a minha em relação ao sexo vai de encontro à opinião de 95% da população portuguesa: Sexo é bom e recomenda-se!
Os outros 5% são os pudicos.
Segundo os especialistas faz bem à pele, ao humor e em casos menos pontuais, à cárie dentária.
Pele. Humor. Dentes.
Por esta ordem.
Para haver sexo do bom, tem que existir aquele estremecer.
Não estou a falar do ‘durante’. Estou a falar daquele estremecer que antecede a tudo isso. Estou a referir-me aquele simples toque casual, aquele arrepiar de pêlo.
Aqueles toques em que uma pessoa tem que fugir, senão era mesmo ali.
Daqueles quando encolhemos os dedos dos pés, é desses arrepios que falo.
E esses arrepios são daqueles que não se explicam. Arrepiamo-nos com aquela pessoa, e ponto final. Não tem que haver cá justificações e merdas.
Tem que haver é Ousadias. Esfrega. Encaixes. Um 'aprochega-te'. Cafuné.
Na vida as coisas que nos marcam, são aquelas que nos arrepiam.
Que nos deixa inseguros, vulneráveis.
E o que nos arrepia nem sempre tem grande lógica, ou pelo menos, nem sempre tem a nossa lógica.
Mas, nessa coisa dos arrepios, lógica é coisa que nunca fez muita falta.
Seguindo a ordem, segue-se o humor.
Humor é sinal de inteligência, e inteligência é sinal de sedução.
Não me venham cá com tretas.
Um bom sexo tem que suceder a uma boa sedução.
O chega cá, e vai para lá.
O anda lá, e chegou para lá.
O olhar. Os movimentos. E claro está o arrepiar.
E no meio disto tudo o humor.
As pessoas tendem a esquecer do humor, é normal… hoje em dia pouco tempo há para humores… Mas, tenho para mim que o humor é verdadeiramente importante.
Dentes.
Seguem-se os dentes.
Gana. Tem que haver muita gana. Muito ranger de veias, de ossos, de todos os ossinhos do esqueleto.
Todos os ossos têm que estalar.
Caso falte sequer um por estalar, é porque não foi bom.
Têm que estalar todos até à última gota de suor.
Até ao derradeiro gemido.
Mas, quando sentimos que nunca estalamos os ossos todos, então é porque nunca tivemos o real sexo.
O genuíno.
Aquele verdadeiramente ‘viciante’.
De sugar todos os sentidos.
Daquele que apetece puxar o lábio até ao tutano.
Daquele que antes de o ser, já apetece puxar tudo e mais alguma coisa.
Explode as veias todas. As sanguíneas e as outras também.
O problema não é os homens. O problema não é as mulheres.
O problema é esse mesmo.
Colocarem problemas onde eles não existem.
Os homens gostam de sexo.
As mulheres gostam de sexo.
O que a malta esquece é da pele, do humor e dos dentes.
Do apetecível prazer de provar, o que nos coloca aquela aguinha na boca.
O problema é a veracidade. Ou a falta desta!
Ainda há aquele preconceito de admitirem que gostam que lhes abusem dos sentidos.
Sem qualquer tipo de justificações.
.
.
Como diria o outro:
"Cá merdas...."
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sábado, julho 26, 2008

Invisual


Era uma cidade fria.
Estavam quarenta graus à sombra.
Mas, fria.
Princípios do século vinte, México.
Pó. Muito pó. As casas de latão.
No fim da rua uma bicicleta. Daquelas pasteleiras… de cesto.
Duas crianças.
Uma dos seus oito anos, a outra não tinha mais que três.
Dois e meio, três anos.
Brincavam com seixos.
Amarelos.
Sim, agora que puxo pela memória.
Eram seixos. E eram amarelos.
Apontavam para o cesto.
Sem cor.
Como o céu.
Não era cinzento. Não era azul.
Era sem cor.
Como o cesto.
A de três anos ria.
De uma gargalhada contagiante.
A de oito apontava, fazia medições e mais medições, falava do vento e como este influenciava a trajectória do seixo, justificava-se.
E não acertava.
A de três, gargalhava. Fechava os olhos, sorria e pimbas… no cesto.
E a outra continuava com medições.
Cara amuada, dentes serrados.
Estavam quarenta graus.
A de oito, na sombra.
A de três, no sol.
E gargalhava, e acertava.
..
Por vezes é necessário descontrair, desligar o motor do barco, e ir na maré.
Puxar pelos sentidos, sentir o calor do sol e, simplesmente ir pelos outros quatro sentidos.
Como um invisual. Fechar os olhos, mas nunca o coração… e encestar.
Esperamos demasiado para fazer o que sentimos.
Esperamos pelas oito horas quando o sol já está no horizonte… e esquecemo-nos que ás três o sol está mesmo ali, nos nossos noventa graus.

O cesto sem cor?
Coloquem vocês a cor que quiserem…
..
Amanhece!

Convite

Convite em http://paraladomiocardio.blogspot.com/

segunda-feira, julho 14, 2008

Rabiscado à três pancadas na biblioteca (continuo sem a porra da internet)


Ando com uma força qualquer.
Não sei bem o que isto é.
Não é necessário saber uma definição de cor, para salteá-la.
Mas, ando com uma gana…
Daquelas ganas de ranger os dentes.
De abrir a boca e trincar até à exaustão…
Cada centímetro da realidade.
Dessa consistência que se diz verdade.
Cada milímetro. Mas, por inteiro.
Em cada abrir de boca sinto todos os dentes.
As gengivas ganham um sabor diferente.
Alterado.
Alterei-me ao sabor das minhas gengivas.
Sinto a língua em cada espuma.
Poro. E passa a boca toda.
Da garganta ao céu da nuca.
E sempre aquela saliva.
Vai ali tudo.
No meio da trincadela o medo passa a força.
O desprendimento. A robustez.
Um volume que hoje meço em metros cúbicos.
O que dantes, não passava de áreas em centímetros quadrados.
Ando cá com um guinche.
Qualquer coisa como um crocodilo.
Pele dura. Dentes afiados.
Não sei bem o que isto é.
Mas, ando com uma gana.
Daquelas ganas de ranger os dentes.
De abrir a boca e trincar até à exaustão.
Tudo.
Mas, tudo… numa só dentada.
Assim.
Sem mais nem porquê.
Simplesmente porque quero.
Porque me apetece.
Porque tenho dentes.