sábado, dezembro 19, 2009

Clemência[s]


Doentes.
São [ás vezes] assim os sonhos.
Doentes.
Completamente indispostos de nós mesmos.
Nos sonhos tudo é lícito.
Tolerado.
Consentido.
Nas utopias não, mas nos sonhos sim.
Porque os sonhos são assim.
Inteiramente. Doentes.
Afectados por febres avassaladoras.
Dores. Rígidas. Imponentes da Alma.
Pegam em cada fibra, músculo das entranhas.
Colam-se ás células sem piedade.
O cérebro pede clemência.
O coração antibiótico.
E eles. Os sonhos. Ficam assim.
Colados à Alma. Acorrentados.
De penas perpétuas.
Doente. Ando. Doente.
De tanto sonhar.
[ás vezes]. Cabalmente.
Sem rigores.
Doente.

quarta-feira, dezembro 09, 2009

Agente Funerário lamenta morte de Estranha Pessoa Esta


Um dia destes, li isto:
"A arte de viver consiste em conseguir que até os agentes funerários lamentem a tua morte."
Não lamento informar que é mesmo isso que pretendo fazer.
Para todas as pessoas que pretendem comprar-me flores, eu ainda não morri.
Para todas as pessoas que gastam energias a tentar sufocar-me com tábuas sem pregos, eu ainda não morri.
Para todas as pessoas que afirmam diariamente que é loucura o que faço, eu ainda não morri.
Para todas as pessoas que insistem e insistem em tentar que o meu coração tenha um sentido que não o meu, eu ainda não morri.
Vivam a porra da vossa vida, e deixem-me respirar a minha.
Porque eu ainda não morri.
E para todos os agentes funerários o que tenho a dizer, é simples, quero ser cremada.
Por isso ide-vos meter na puta da vossa vida, e deixem-me ser o xulo da minha.
Obrigado.

quinta-feira, dezembro 03, 2009

Guerra [Ci]vil



Há dias na puta da vida
Em que nós pensamos raios parta ao chulo
E depois há outros dias em que sentimos
Raios parta aos clientes
E ainda outros em que simplesmente emergimos
Um foda-se.
Grunhido.
Como esta desvairada desta lua que teima em estar sobre o meu telhado.
E estas telhas incertas sem nada falarem.
E o bilhete em cima da mesa.
E é redonda.
A mesa.
E.
A Lua cheia.
Foda-se.
Manifestem-se.
Nem que seja à civil.
Há guerra.
Os soldados estão em marcha.
E os decretos prontos a assinarem.
Ó telhas incertas vis que me sustentam o pulmão.
Compreendem que tenho dois.
E a minha mesa é quadrada.
Grunho!
....
Ouviram?