quarta-feira, maio 31, 2006

Os 'ses' , os 'sas', os 'sus' ......

E a propósito do post anterior... e dos 'ses' DESTE DIA:

Se eu fosse um mês, seria Dezembro
Se eu fosse um dia da semana, seria Sexta-feira
Se eu fosse uma hora do dia, seria conforme a hora do pôr-do-sol
Se eu fosse um planeta ou astro, seria Lua
Se eu fosse uma direcção, seria norte
Se eu fosse um móvel, seria uma estante cheia de livros
Se eu fosse um líquido, seria água salgada
Se eu fosse um pecado, seria a preguiça do não acreditar
Se eu fosse uma pedra, seria uma predra de calçada de uma qualquer ruela de vasos esquecidos.
Se eu fosse uma árvore, seria uma pereira de ramos toscos de inverno.
Se eu fosse uma fruta, seria pêssego (daqueles pêssegos que o meu avô descascava a tarde toda para mim no areal do Baleal. Tenho saudades tuas.)
Se eu fosse uma flor, seria flor agreste.
Se eu fosse um clima, seria uma qualquer trovoada.
Se eu fosse um instrumento musical, seria piano. Desafinado.
Se eu fosse um elemento, seria água.
Se eu fosse uma cor, seria preto fusco.
Se eu fosse um bicho, seria cavalo sem rédeas.
Se eu fosse um som, seria o ruído das ondas.
Se eu fosse uma música, seria qualquer uma que me reflectisse agora.
Se eu fosse um sentimento, seria desconcertante.
Se eu fosse um livro, seria "Um, ninguém e cem mil."
Se eu fosse um lugar, seria Baleal.
Se eu fosse um gosto, saberia a não sei quê.
Se eu fosse um cheiro, seria maresia.
Se eu fosse uma palavra, seria “Olhar”... de olhar mesmo, não ver. Olhar.
Se eu fosse um verbo, seria "Parvar"
Se eu fosse um objecto, seria lápis.
Se eu fosse um personagem de banda desenhada, seria o Calvin uns dias, o Hobbe outros.
Se eu fosse um filme, seria "O Clube dos Poetas Mortos."
Se eu fosse um número, seria o 7 sozinha, o 13 acompanhada.
Se eu fosse uma estação, seria as tardes de Outono, as manhãs de Inverno, o entardecer da Primavera, as noites de Verão.
Se eu fosse uma frase, seria silêncio.

Os três D's.


"A VIDA SÃO DOIS DIAS. FAZ DIRECTA."

Assim que abri a porta, foi isto que ouvi.
Gostei.
Mas, inevitavelmente fiquei amedrontada.

Publicidade a uma conhecida marca de refrigerante.
É um acto inteligente de facto.
Marcam-se com estas 'frases', e o consumidor absorve automaticamente a referida marca.

Marcas à parte, o que eu gostei mesmo foi da frase.... A vida são dois dias - Faz directa.

E nessa directa?
O que fazer com essa directa?
Eu sei que essa questão é mais que batida.
Mas, com o avançar da idade... essa questão toma uma particular verdade.

Sentesse mais os 'ses'.
Mas... e se isto.. e se aquilo.
As pessoas encolhem-se mais.
Deveriam ter mais defesas.
E têm.
Mas... falta a irreverência.

E para saltar os tais 'ses'.
Sinto que é necessário irreverência q.b..

E, se por outra as pessoas têm a tal irreverância q.b. e até 'pesam' os 'ses', são conotadas. Porque isto.. e porque aquilo.

A idade permite certas coisas.
Sim.
Mas, também deixa fugir umas quantas outras.


Dois.
Dias.
Directa.

segunda-feira, maio 29, 2006

Rua Camões


Era Outono.
Lembro disso.
Era Outono.
A Rua Camões estava dourada.
Aquele dourado que nos leva um pouco de nós.
A simplicidade.
O individualismo.
Todo aquele individualismo no núcleo da capital, arrepiava-me.
Ainda hoje arrepia-me.
Muito.

Era mesmo Outono.
Alguém disse.
No meio do banal.
Mas, alguém disse.
"Quando deres conta, que sempre esteve ali mas, só agora dás pela presença. Então é isso."

Hoje lembrei disso.
Assim.
Sem porquês.
Lembrei disso.

Ouvi estas palavras no Outono de 1999.
Mas, hoje...
Lembrei disso.

Pasmei!

sábado, maio 27, 2006

Acasos e Distracções

Começou no Dia de s. Valentim... O chamado dia de namorados.
Malta que não tem prendas.
Malta que não tem rosas.
Malta que não tem um telefonema de boa noite.
A malta juntou-se.
E eis que surgiram... O jantar de encalhados.

Por norma é uma ou duas vezes por mês.
Hoje foi só encalhadas.
Sim.
Porque digam o que disserem o sexo feminino é mais encalhado que o masculino.
Digo eu!

Conheço muitas encalhadas, e poucos encalhados.
Também é certo que exitem mais mulheres que homens.
Mas, também é certo que as encalhadas são sempre as mesmas.
Os encalhados é que não!

Existem várias teorias.
Há quem diga que os 'melhores exemplares da espécie', ou são panascas (perdoem a expressão), ou são padres ou estão casados.
Também há quem diga que um bom exemplar da espécie que esteja encalhado depois dos 25 e que não pertença a nenhum dos exemplos referidos anteriormente é porque está simplesmente à espera da 'tal'.
E também há quem diga, que esses pura e simplesmente não existem.
Ora bem, conclusão... ninguém chegou a conclusão nenhuma.
E ainda bem!
Que isso das conclusões não têm, nem nunca tiveram graça nenhuma.

Tal como já escrevi aqui não sei aonde.
"Eu tenho para mim, que o dia 14 de Fevereiro deveria ser o "Dia do Acaso"!
Ao contrário do que dizem, as pessoas apaixonam-se por acaso.
Basta estarem distraídas! ;)
Ás vezes existem é..... Problemas de expressão...
Um bom dia de ACASO para todos!
Sejam distraídos... Apaixonem-se!"

Tenho dito!

sexta-feira, maio 26, 2006

Redução ao Absurdo


É certo e sabido que tudo tem a sua definição.
É só ir ao dicionário.
E TAU.
Lá está ela.
A bela da definição.

Mas, eu hoje não quero definições.
Preciso delas.
Mas... Não quero.

Toda a vida com a merda das definições.
E foi logo na primária.
"Ahhh não sabes?? Vai ver ao dicionário."
E na racionalidade da matemática.
"Ora bem, pela definição de números primos sabemos que bla bla bla"

Definições disto.
Definições daquilo.
Definições.
Definições.
D E F I N I Ç Õ E S.

Mas, já disse.
E repito.
Hoje não quero definições.
Farta de tentar encontrar definições para tudo e mais alguma coisa.
Não quero.
Preciso.
Mas, não quero.

Na matemática os Teoremas mais bonitos de se provarem/demonstrarem, provam-se por 'Redução ao Absurdo'.
Hoje eu quero isso.
Reduzir-me ao absurdo.

Sim.
É isso.
Reduzir-me ao absurdo.

Posso não conseguir demonstrar nada.
Não chegar a lado nenhum.
Isso hoje não me interessa.
Hoje só isto como está basta.

Não sei é porquê que basta.
Mas, basta.
Dá agonia.
Dá estranheza.
Dá sei lá o quê.

É esse sei lá o quê.

É como aquela bicicleta.
O que ela está ali a fazer?
Não sei.
Mas deixa-a lá estar.
Os porquês.
As justificações.
As razões.
Isso tudo hoje não me interessa.

Ela está lá porque provavelmente alguém a colocou lá.
Ou foi com o vento.
Ou já a fabricaram ali.
Sei lá.
Está lá porque está.

E este não sei o quê, está aqui porque... sei lá.
Não sei.

quarta-feira, maio 24, 2006

Pardais ao ninho




E constantemente ouvimos frases tais como:

- Já tens idade para ser responsável!
- Ahhh mas isso é uma irresponsabilidade!
- bla bla bla irresponsabilidade bla bla bla responsabilidade... bla bla bla pardais ao ninho... bla bla bla


Mas, e a nossa responsabilidade enquanto seres humanos que somos??
Qual é?

Não falo da treta dos impostos.
Do se beber não conduza.
Do direito civico.
Do bla bla bla pardais ao ninho!

Falo da 'nossa' responsabilidade enquanto seres individuais.

Segundo Charles Chaplin
"Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha,
é porque cada pessoa é única,
e nenhuma substitui a outra.

Cada pessoa que passa em nossa vida, passa sozinha,
e não nos deixa só,
porque deixa um pouco de si e leva um pouquinho de nós.

Essa é a mais bela responsabilidade da vida
e a prova de que as pessoas não se encontram por acaso."




Afinal as pessoas encontram-se ou não por acaso?
Será essa a tal responsabilidade da vida?

O tal sítio

E hoje assim, sem mais nem menos... colocaram-me a seguinte questão:

O que sentes quando ficas a olhar o mar?

Sinto.
Apenas sinto.

Existem pessoas que descontraem no campo.
Outras até num qualquer centro comercial.
Ainda outras numa qualquer baixa de uma qualquer metrópole.
Também há quem ainda não tenha econtrado o seu 'sítio'.

Nem é descontrair.
Nem é encontrar.
Nem é desanuviar.
É sentir.
Sentir mesmo.

O cheiro do sal.
A cor das ondas.
Reune tudo.

E se estou calma, preciso de mar trovoada.
E se estou desassossegada, preciso do oceano todo.

Sei lá.
Não sei.
É sentir.
Sentir mesmo.
Apenas isso.
Sentir.


E porque quando penso em mar, penso necessariamente no Baleal.
É o tal 'meu sítio'.



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terça-feira, maio 23, 2006

XIS, YIPSLON, ZÊ


Pastel de nata queimado.
Fernando Pessoa.
Cheiro a café.
Entardecer em Montejunto.
Maresia.
A força das ondas.
Folhas vermelhas outonais.
Dança do vento.
Revista XIS de sábados de manhã.
Conversas.
Olhares.
Cheiros.
Aromas.
Verdes.
Vermelhos.
Amarelos.
Calçadas Portuguesas.
Castelos Ingleses.
Fados Lisboetas.
Desgarradas Cadavalenses.
Pianos.
Clarinetes.
Violas.
Bolas.
Balizas.
Danças.
Palco.
Aplausos.
Bastidores.
Sorrisos.
Areia molhada.
Pé descalço.
Calça arregaçada.
Inverno.
Ilha.
Barco.
Tejo.
Praça.
Pregão.
Velocidade.
Frio.
Maça.

segunda-feira, maio 22, 2006

Isso. Isto. Aquilo.


Nunca uma primavera teve tanta chuva.
Chuva.
Porque é a chuva que faz crescer as colheitas.
Quando há sol ninguém diz nada.
Mas, há falta dele toda a 'gente' diz tudo.

Esta primavera tem outro sabor.
Não sei porquê.
Mas, toda a 'gente' fala dela.
Ou então... sou eu que nunca tinha dado pela presença dela.
Não sei.

Anda tudo com um olhar diferente.
E quando digo olhar. É mesmo o olhar.
Não são os olhos.
Porque os olhos é uma coisa.
E o olhar é outra.

Os olhos podem estar semiserrados.
Enevoados.
Pintados.
Fechados.

O olhar... não.
Todas as horas.
Todos os minutos.
Todos os segundos do dia.
Tens olhos.
Agora... olhar.
Olhar... Mesmo!
Pode durar um segundo.

Pode até durar metade de um segundo.
Até menos do que isso.
Mas valem todos os olhos do dia.

E não saber o porquê dessa valência, é que dá chuva.
Mas... chuva é bom.
Faz crescer as colheitas.
Faz sorrir na terra molhada.
Tremer no mar quebrado.
Faz isso.

Isso.
Isto.
Aquilo.
Faz.

sexta-feira, maio 19, 2006

Rebobinar


E se podesses rebobinar um dia?
O que farias?

E se podesses rebobinar um olhar?
O que olhavas?

E se podesses rebobinar um gesto?
O que tocarias?

E se podesses rebobinar um passo?
Onde andarias?

E se podesses rebobinar um sentimento?
O que sentirias?




E sabendo que não podemos rebobinar nada.
Porquê agimos como se o podessemos fazer?

quinta-feira, maio 18, 2006

Há dias assim !

Há dias assim !
Há dias em que uma simples música nos faz sorrir.
Sorrir, assim por nada.
Apenas isso.
Sorrir.
Foi ao entardecer.
Numa qualquer estrada.
Numa qualquer estação que ouvi essa música.
E não sei porquê.
Sorri.
E foi até agora.
A sorrir.
Como diria o 'outro': Há dias de carpediem.
Há dias assim !
E ainda bem.




Deixa o mundo girar
by Pólo Norte

Quantas vezes vais olhar para trás
Estas preso a um passado que pesou
Quantas vezes vais ser tu capaz
Fazer sair quem por engano entrou

Abre a tua porta
Não tenhas medo
Tens o mundo inteiro
A espera para entrar
De sorriso no rosto
Talvez o segredo
Alguém te quer falar

Olha em frente e diz-me
Aquilo que vês
Reflexos de quem conheces bem
Ouve essa voz, é a tua voz
Atenção e a razão que tens

Abre a tua porta
Não tenhas medo
Tens o mundo inteiro
A espera para entrar
De sorriso no rosto
Talvez o segredo
Alguém te quer falar

Deixa o mundo girar para o lado que quer
Não podes parar nem tens nada a perder
Estas de passagem,
Não leves a mal se te manda avançar
Talvez seja o sinal que não podes parar
Estas de passagem

Vai aonde queres
Ser quem tu quiseres
Estende a tua mão
De quem vier por bem,

Abre a tua porta
Não tenhas medo
Tens o mundo inteiro
A espera para entrar
De sorriso no rosto
Talvez o segredo
Alguém te quer falar


Deixa o mundo girar para o lado que quer
Não podes parar nem tens nada a perder
Estas de passagem,
Não leves a mal se te manda avançar
Talvez seja o sinal que não podes parar
Estas de passagem



so de passagem
estou de passagem para outro lugar.

terça-feira, maio 16, 2006

Roupas à meia canela. Coração de canela inteira.

Escola Primária daquela aldeia que fica no sopé daquela serra.
Fins dos anos 80.
Olhar matreiro. Cabelo em pé. Roupas à meia canela.
Entrava nas nossas vidas pela primeira vez.
Vinha do outro lado da serra.
Uma terreola lá para os lados da Azambuja - dizia ele.

A seguir foi a 'preparatória'.
E o jogo da passadeira.
E as pernas partidas do 'ivai ai'.
E a adolescência.
E os primeiros cigarros com asma.
E as primeiras cervejas com vómitos.
E foi os passeios nocturnos de toda essa mocidade.
E foram as conversas na árvore até ás tantas.
E foi a formatura encolhida da banda filarmónica lá da terra.
E foram os passos de dança do Rancho lá do sítio.
E foi as passagens de ano no Baleal.
E foram risos e sorrisos.
E foram também lágrimas.

E fins dos anos 90. Assim, de repente... foi-se embora.
Lá para os lados do Carregado - Diziam alguns.
E já não eram apenas cigarros com asma.
E já era outra coisa.
E já não sonhava. Senti no olhar.
E já era voz distante.
E já não era olhar matreiro. Era perdido.
Mas, encontrou-se.
E foi risos e sorrisos.
E foi outro 'ivai ai' mas agora diferente :)


Sábado, 13 de Maio de 2006, 8 horas da matina
Estrada principal daquela aldeola que fica no sopé da serra.
Mocidade reunida.
Olhares de quem não foi à cama.
Gravatas perdidas.
Sapatos engraxados.
Depósito cheio.
Destino: Figueira da Foz.
O olhar matreiro, cabelo em pé. O roupa à meia canela ia dar o nó.
Chegamos.
Lá estava ele. No passeio, mãos a suar, voz trémula... e cabelo em pé.
Olhar apaixonado.
E é incrivel como o simples é tão bonito.
E ela entrou.
E ele no altar. Olhar fixo no nela.
E é raro sentir num casório, o que aqueles dois transmitiram aos presentes.
Amor.

E quem disse que os namoros de anos e anos é que são sólidos e verdadeiros?
O Roupas à meia canela provou o contrário.

É como aquela frase que se ouve de vez em quando na rádio:
"Acreditas no amor à primeira vista, ou é preciso passar outra vez??"

sábado, maio 13, 2006

E tu estás predisposto a isso?


- Assim de repente o que tens a dizer sobre isto?

- É pah... Sei lá!

- Mas, hás-de concordar que tens alguma opinião sobre isto.

- Concordo.

- Então e qual é?

- Qual é o quê?

- A tua opinião?

- É pah assim de repente só me ocorre uma coisa.

- E qual é?

- Qual é o quê?

- Qual é essa coisa?

- Está um nevoeiro do caraças!

- Por acaso está. E isso vem a propósito de...?

- Do que perguntaste.

- Ahhhh.... e...?

- E é essa a minha opinião.

- Sobre?

- Sobre o que perguntaste.... "Qual era a minha opinião sobre isto?" E eu respondo: Está um nevoeiro que não se pode.

- hmmmmmmm.....

- Está nevoeiro.

- E.....?????

- E é isso. Está nevoeiro. Tendem a colocar os médios. Coloquem os faróis de nevoeiros que assim já conseguem alcançar o caminho.

- Mas, e se eu não usufruir de faróis de nevoeiro?

- Aí, só tens duas saídas. Ou continuas a ver tudo nublado, e tendes para um caminho que não é o teu. Ou arranjas uns faróis à tua medida e caminhas.

- E qual é o teu caminho?

- A pergunta não é essa.

- Então qual é?

- A pergunta é: Se estás predisposto a alcançar os tais faróis!

- Então a minha pergunta é: E tu estás predisposta a isso?

quinta-feira, maio 11, 2006

Península


O ser humano complica tudo.
O ser humano não.
Correcção: Algumas pessoas complicam tudo.

É como estarmos numa qualquer península.
Há quem veja apenas o mar.
Há quem perceba que afinal não é mar, mas oceano.
Há quem esteja de costas para o mar, e veja apenas o areal.
Há quem veja apenas e somente a península.
Há quem veja o caminho entre a península e o continente.
Há quem veja a ilha em frente.
Há quem veja a península, a ilha em frente, o caminho, o ocenao, o areal e ainda a gaivota no ombro do pescador.
E...
Há quem não veja nada!

E, depois existem aquelas pessoas que estam no continente.
Que pensam que vêm a península. E vêm areia.
E teimam em construir um castelo dessa mesma areia no continente.
E não vêm a gaivota.
Porque a gaivota parece insignificante.
E estão tão confiantes que a gaivota nada é, que constroem o castelo com todas as certezas.

Mas, a gaivota afinal está lá.
E voa.
E tem asas.
E consegue voar.
E além de ver a península, o caminho, o oceano, o pescador, a ilha em frente, o continente, o areal...
Ainda vê.
E imagine-se.
O olhar.
Do pescador!
Porque afinal... a gaivota não tem castelos como a pessoa que está no continente com todas as suas certezas.
Mas vê.
Mas sente.
O olhar do pescador.
A maresia do mar.

E isso basta?
Dizem que sim!

Não sei.

quarta-feira, maio 10, 2006

Avesso


- Irristaste com facilidade.
- Raramente me irrito.
- Então, o que é isso?
- Estou virada do avesso.
- Virada do avesso???
- Sim, virada do avesso.
- Portanto, irritada.
- Não são sinónimos.
- Então, são antónimos.
- Também não.
- Mas, se não é uma coisa é outra.
- Não. Então, se uma pessoa é branca, é preta??? Existem os amarelos, os molatos.
- Então, mas afinal o que é isso virada do avesso?
- É como aquela música de mafalda veiga.
- hã?
- Quando há qualquer coisa que nos sufoca
e os dias são iguais a outros dias
e por dentro o tempo é tão voraz
Quando de repente num segundo
qualquer coisa me vira do avesso
e desfaz cada certeza do meu mundo.
Entendes?
- Não.
- Então é porque nunca estiveste virado do avesso.
- Felizmente.
- Se tu o dizes... quem sou eu para contradizer.
- hã? Mas, agora achas positivo uma pessoa estar virada do avesso?
- Nunca gostei de monotonias. E a quietude nunca teve piada nenhuma.
- hã?
- pah..... Estou inquieta. Virada do avesso!
- E sorries porquê?
- Por causo do avesso! :)

sábado, maio 06, 2006

Questão pertinente

Hoje perguntaram-me:
Como é que eu sabia ou sentia, que alguém era importante para mim?
Respondi:
Quando sinto saudades.
Perguntaram:
Saudades como?
Respondi:
Simplesmente... saudades!
Perguntaram:
Mas que saudades?
Respondi:
De estares bem aqui ou ali mas... de repente, passares a não estares bem aqui ou ali... porque simplesmente tens saudades!

quarta-feira, maio 03, 2006

Qual é a tua maçã ?


Liguei agora aquele aparelhómetro que dá pelo nome de televisão.
Oiço um anúncio de uma conhecida marca de refrigerantes:

"Um aplauso para todos aqueles que se atrevem!"


Aplausos.... para todos aqueles que se atrevem....
Silêncio!

Contemporaneamente são poucos aqueles que se atrevem.
Atrever, atrever mesmo!
Como dantes, naqueles dias ensolarados em que se subia à árvore junto do marco da escola para comer uma maçã, tendo como grito de fundo a voz rouca da professora nortenha da 3º classe!

Hoje ainda existem dias ensolarados.
Ainda existem dias assim.
Não existe é atrevimento.
Atrevimento!
Puro e simples atrevimento.

E porque com o atrevimento (ou com a ausência deste) existe o medo.
Paralelismos.

Nesses dias ensolarados não existia o medo.
Não havia tempo.
Agia-se e pronto.
E bastava.

Hoje pensasse muito.
E age-se pouco.
Cautela?
Não sei.
Cobardia?
Talvez.

Ainda existem dias ensolarados.
Eles continuam cá.
Aqui.

Dantes era só subir à tal árvore.
Sabíamos que um ramo podia quebrar.
Sabíamos que a queda seria grande.
Mas estava lá a maçã.

Ainda existe maçã.
Mas, existe o medo... de cair.
E dos dias ensolarados não terem horas suficientes.
Ou por outra... de terem horas a mais.

Nesse tal pomar, existiam maçãs no chão.
Mesmo ali, à mão de semear.
Mas, não!
Subíamos a arvóre.
Porque o que está à mão de semear não tem, nem nunca teve, muita graça.

E hoje?
Se sabemos que continua a não ter graça as maçãs que estão no chão.
Porquê não subir a árvore?
Assim nem as maçãs do chão... nem as maçãs dos ramos.

Um aplauso para todos aqueles que sobem a árvore.
Um aplauso para todos aqueles que se atrevem a quebrar um ramo.
Um aplauso para todos aqueles que não ficam pura e simplesmente a olhar a maçã.

E tu?
Qual é a tua maçã?

terça-feira, maio 02, 2006

Será?



"Quem não gosta de estar sozinho é uma péssima companhia."

Gonçalo Tavares in Diário de Notícias



Implicação ou Relação de Equivalência ?