domingo, abril 07, 2013

Sacrista

Sacrista.
Era assim que o meu avô me chamava quando eu fazia perguntas… daquelas.
Quando eu estou assim, sem saber se sigo para bombordo ou para estibordo. Sento-me junto do oceano, e tento sentir essas nossas conversas.
Houve uma vez numa corrida entre o Baleal e Peniche, em que páramos para descansar à beira-mar, daquelas marés baixas que deixam todo o areal a descoberto.
Entre um sorriso e um ...
olhar, disse-me:
Sacrista, quando não souberes para onde seguir, quando não souberes se deves correr devagar ou de pressa, ou de parar. Quando não souberes se é certo ou é errado. Chora. Mas chora tudo, e depois levantas-te e sente o teu coração. Na dúvida escolhe o risco, a vida não tem graça apenas com certezas. Na dúvida entre a cabeça e o coração, escolhe sempre o coração. Porque depois mais tarde, quando parares. Podes desculpar-te tudo a ti mesma, menos o que não fizeste com medo de ser errado. A tua cabeça pode desculpar-te, mas o teu coração não. E tu, o que tu és, o que é uma pessoa é coração.
Hoje. Sentei-me na maré. Fechei os olhos, senti o sal. E decidi. O coração.
E aposto, que o meu avó, fez aquele sorriso de esguelha e disse…. Sacrista… Sacrista… tu não escolheste o mais fácil.
E aposto que ele ouviu-me a responder…. E quem disse que o coração era fácil? Por isso é que vale a pena, não é ‘vô?