Manda a vida à merda. Como se manda no
teatro. Manda a vida à merda, como quem corre desenfreadamente pela rua à
procura de uma qualquer taberna aberta para arreares daquilo que estás à rasca.
Manda realmente a vida à merda. De joelhos serrados contra a parede de um
qualquer cais do Sodré. Mas é que manda mesmo. A vida. À real merda. Antes que
ela te mande a ti.
Bate a porta. Estende o tapete. Deita-te
nele e a seguir levanta-te. Olha-a nos olhos, essa puta que finamente se diz
prostituta. A vida. Encara. Vá, porra. Não ouviste. Encara-a. Puxa-a por um
braço, encosta-a contra a parede e manda-a à merda.
E a seguir até podes morrer. Mas deixa-te de ‘paneleirices’, e
estendidelas no sofá. Levanta-te e renasce. Ou nasce. Ou inventa-te. E a
seguir, bebe uma cachaça se preferires. Bate com o copo. No balcão, na calçada
quero lá saber. Desde que a mandes à merda. Mas manda.
A valer. Não vale meias medidas, contidas. Tímidas
espreguiçadelas. Quem tem medo compra um cão. E quem não tem manda a vida à
merda.
Porque só depois disso. Dessa real gana orgástica, se pode
viver. Até lá caga. Mas caga bem. Na morte do insípido. Dos quase tudo e assins
assins.
Que raio é isso do assim assim?
Ou é ou não é, agora cá merdas.