quinta-feira, dezembro 28, 2006

Apimentar


Atordoar
Atordoar a sanidade
Controlar um qualquer enigma
Apimentar o quotidiano
Simplesmente fugir de pedaços paraplégicos.

Ó Insanidade
Espanta-te comigo
Que eu já não me espanto contigo

quarta-feira, dezembro 27, 2006

Lá isso

Sintetiza lá isso.
Mas, sintetizar lá isso, como?
Tudo bem.
Posso sintetizar um livro.
Resumir, portanto!
Dar um lamiré da história.
Mas, sintetizar o indetectável?
Não consigo.
Nem quero!
E insistem.
Insistem nisso.
Sintetiza lá isso.
Ai se soubessem o lá isso.
Saberia eu o lá aquilo.
Saberia?
Não, não saberia.
Posso sintetizar um dia.
Mas, num dia?
Não.
Não posso.
Nem quero!
Compreendo que queiram o sintetizar.
Até compreendo isso.
Mas, a parte do 'lá isso'.
Isso é que eu não compreendo.
Como se o 'lá isso' fosse apenas isso.
Não estou a pedir para compreender.
Já disse que não posso.
E não quero!
Sintetiza lá isso.
Um lamiré posso dar...
Agora.. Sintetizar?



domingo, dezembro 24, 2006

Trocos


Dizem muitas vezes que
no pensar é que está o ganho.
E eu tantas vezes que tenho trocos.
E nada digo que os tenho.
Por os sentir pensando.

quinta-feira, dezembro 21, 2006

Álgebra a puxar para a Topologia


Considere a seguinte definição:
Sociedade: reunião de pessoas que têm a mesma origem e pelas mesmas leis;
parceria, participação...

Considere agora o seguinte Teorema:
Se a sociedade é uma reunião de pessoas.
Então, eu tenho uma lei.
Logo, tenho a mesma origem.

Anti-Demonstração:
Pela definição de sociedade sabemos que:
Sociedade é parceria.
Ora, se eu não tenho parceria com a sociedade.
Logo, não faço parte dela.
Logo, não tenho qualquer tipo de relação com ela.

Erro:
Origem.

Cálculos:
Sem folha.

Lápis:
Sem borracha.

quarta-feira, dezembro 20, 2006

Sustenido

Concentra-te na melodia.
Dizem uns.
Afina o teu cérebro.
Dizem outros.
Alinha a pauta.
Murmuram uns quantos ali ao canto.
Apressa o compasso.
Dá a nota de afinação.
Dá o Sol.
Agora dá o Dó.
Não é esse.
É o sustenido.
Agarra o bemol.
Esse Si está meio tom acima.
Pára a orquestra.
Sai o maestro.
Escuta os tambores.
E os trompetes.
E já agora os saxofones também.
Continua o sustenido.
Sustém o bemol.
Dá o Dó.
E o Ré se te apetecer.
Está desafinado?
Deixa.
Não está cá o maestro para ver.
P.S.: Há Sal nos comments.

segunda-feira, dezembro 18, 2006

Paralisia

Dói-me este sentar no chão
Dói-me toda esta imobilidade
Não é impossibilidade
É paralisia
Entrevação de sentidos
Não de sentir
Mas, de orientação
Como se fosse uma bússola encravada
Não é absurdo
Nem razão
Não é lucidez
Nem ignorância
É paralisia
É decerto
E certo
É disparate
O encontrar
Não falem de normalidade
É movimento
É absorção
Vitral
Deliro
Sendo acaso
Delícia esta perda
Desafina
Coisa incerta
Impulsividade
Com todo o resto de naturalidade
Arriscar
O de repente
Mostrar
O alheado
Acordar
As fendas descompensadas
Querer
O impulso
Entranha
O inesperado
Descalça
O Soluço
Consome
A ânsia
Caio
E sinto
Não é impossibilidade
É paralisia

domingo, dezembro 17, 2006

Soalho


Dizem que o fazer-se notar
é tudo uma questão de saltos altos.
Eu diria que é tudo uma questão de solas gastas.
[Atenção ao ... "Eu diria..."... não no sentido do verbo]

sexta-feira, dezembro 15, 2006

Vertiginoso


Isto é realmente a real mona.
Real mona?
Perdão!
Mona Real.
Isso sim.
Mona Real.

Sim, porque fazer o que nos dá na real mona... não é coisa para qualquer mona.
Há que ser uma mona sim... mas, Real.
Não, não, não.
Não é real de D. Afonso Henriques.
Apesar de achar que isso de fazer o que nos dá na real mona, é realmente uma Conquista.
Hmmmm
Agora que penso nisso, realmente isso da Real Mona é coisa de quem tem mona à Afonso Henriques.
Mas, como eu estava a dizer... Há que ser uma coisa assim bem real, eu diria mesmo a puxar para o Alucinante.
Alucinante é pouco.
Puxem a coisa mesmo para o Vertiginoso.
Fazer o que nos dá na Real Mona dá vertigens?
É pah.. dá sim senhor!
Por isso é que eu afirmo (sim, hoje apetece-me afirmar) que fazer o que nos dá na mona.. é Real, por ser tão ... Impulsivo!

Alucinante
Vertiginoso
Conquista
Impulsivo
Isto meus amigos é o quê?
É o que lhes der na Real Mona.. ou Mona Real como quiserem.

quarta-feira, dezembro 13, 2006

Ronda



Não querendo ser inconveniente

para mim mesma

(e já sendo, ou talvez não)então...

então

esta ronda de sentidos é o quê?

segunda-feira, dezembro 11, 2006

Remoinho


Eu tinha feito bem as contas.
Tinha, tinha!
Quer dizer.. pensava que eu que tinha.
Mas, não estavam bem feitas.
Quer dizer... por acaso até estavam.
Estavam, estavam!
Mas, fiz as contas com um contar de antigamente.
O contar mudou!
Ai se mudou!
Mudou, Mudou.
Ninguém disse que o tal contar era o certo.
Também ninguém disse que era o errado.
Mas, contra todas as probabilidades,
esse contar (o tal de antigamente) já não faz saudades.
E contra todas as estatísticas
o tal contar (este de agora) faz remoinho.
E que remoinho.
Remoinho. Inho. Inho.
Inho!

sexta-feira, dezembro 08, 2006

Estou com a TELHA


Lá estás tu com a Telha!

Telha?
Mas, que telha?

O que é isso de estar com a Telha?
Estar com a telha é resguardar a casa da chuva, do vento, do frio, do calor e afins.
Ora..
Se eu estou com a telha.
Então..
É resguardar-me das lágrimas, do estonteante, do imprevisível, dos desejos e afins?

Ando a pensar nisso.
E tenho para mim…
Que sim.
Que realmente, e bem vistas as coisas.
Ando com a Telha!



Estou intimidada.


quinta-feira, dezembro 07, 2006

Tormenta


Existem comportamentos.
Comportamentos!
E quando falo em comportamentos.
Falo mesmo em comportamentos.
Daqueles mesmo mesmo mesmo inquietantes.

Existem comportamentos explícitos.
Aqueles que até de esguelha se dá por eles.
E depois existem aqueles de tormenta.
De reflexos fuscos.
Ou serão fuscos reflexos?
Adiante...




Adiante?
Que cabeça a minha...
Lá posso eu ir adiante...

Está fusco!


terça-feira, dezembro 05, 2006

Palácio de Marfim



"Campos de malmequeres por todas as direcções... norte, sul, este, oeste... pareciam ovos estrelados sobre alfaces, estrelas envoltas em algodão... era naturalmente lindo ficar ali a olhar para aquela tela viva... um sol ameno sobre mim, crianças que fazem uma enorme roda sobre um carvalho com enormes ramos que pareciam tocar o céu, tinha a sensação que se o subisse que poderia abraçar as nuvens e até mesmo saltar para cima destas e brincar como as crianças... do lado oposto ao carvalho, uma linha férrea, umas das primeiras a serem construídas na Escócia após a Revolução Industrial Inglesa... por detrás de mim um enorme armazém abandonado cor de marfim, com arcadas de madeira esculpidas pelo tempo, portas não existiam... pareciam como que um convite de entrada, não hesitei...

Era como um daqueles palácios abandonados dos filmes nostálgicos... telhas meio partidas deixavam a luz do sol entrar... raios muito finos bateram-me na face como que um despertar, não tinha divisões algumas... apenas grandes traves de madeira que teimavam em permanecer ali a segurar o ‘palácio cor de marfim’ ....
Não, não tinha luxo nenhum .... não se esqueçam, era um armazém abandonado... porquê que o achei um palácio?... ora.... se eu escrevesse tudo, qual era a graça?, tentem entrar pelas linhas, nas entre - linhas deste meu palácio...um convite meu.
Do lado esquerdo da arcada principal, velhas mobílias amontoadas ao acaso, como que atiradas para ali sem misericórdia, talvez porque tinham chegado á idade de reforma ou então porque no lugar delas tinham chegado ás casas das famílias da ‘cidade alta’, as novidades mobiliárias da Europa Ocidental...

Aquela ‘pilha’ de mobílias pareciam aos meus olhos um tesouro de Piratas, foi uma aventura abrir todas aquelas gavetas e caminhar para as memórias esquecidas de pessoas que eu não conhecia de lado nenhum. Como era possível?... abandonaram as mobílias.. mas imagine-se, com elas também as suas memórias de gerações e gerações.... - com este pensamento inconscientemente as paredes cor de laranja de Macau permaneceram em mim até hoje ....
Encontrei tantas e tantas coisas naquelas gavetas, que não vos passa pela cabeça, nem pela minha passava, encontrei lá coisas que eu na altura nem sabia que existiam...
Numa secretária antiga feita do chamado ‘pau de brasil’, permaneciam muitos tecidos... cedas... tecidos finos, não me perguntem os seus nomes nem para os descreverem... deduzi por aqueles tecidos que aquela secretária teria pertencido a uma senhora de idade avançada, devido aos tons escuros destes... agora corroídos pelas traças...
Num gavetão de cima... um álbum de fotografias... fiquei deslumbrado, na minha alma tinha o meu próprio álbum e nas minhas mãos um álbum palpável rogado de imagens a preto e branco... no início do álbum tinha umas inicias C.X. por debaixo destas uma data, não me recordo qual... desculpem... várias páginas e páginas de imagens de famílias em jantares rodeadas de criados, de castiçais de velas de diferentes tamanhos e feitios, grandes colunas de pedra em redor de mesas rectangulares e de cadeiras almofadadas... Parecia que estava a viajar no tempo e no espaço, estava a conhecer outra cultura... a cultura da chamada ‘cidade alta’ naquele armazém antigo abandonado.... ironia?... talvez...

Claro está que estas imagens apenas reflectiam a parte bela daquelas estranhas famílias... é usual, as pessoas tendem apenas a tirar fotografias para registarem os momentos bons, ou então para mostrarem aos vizinhos a festa onde foram e o vestido que usaram.. ou mesmo para se obrigarem eles mesmos a acreditar que, se estavam a rir na fotografia era porque tinham motivos para o fazerem... apesar de saberem porém, que no seu subconsciente nenhum motivo teriam para estarem a rir.... Esquecemo-nos por vezes que deveriam existir fotografias de recordação; (não me refiro a fotojornalismo); com os nossos rostos de lágrimas... porque são com elas mesmas, que aprendemos a ter força para continuar a tirar mais e mais fotografias... até chegarmos à fotografia quase – perfeita .... aquela única... sim única.. em que estamos pura e tão simplesmente.. a ... ....sorrir....



























Porquê este silêncio? ............. digam-me vocês."
in Antecâmara (cap. VI)

segunda-feira, dezembro 04, 2006

Canta já cá... ou sei lá.

Não sei o que se passa.
Nunca soube.
Mas, uma coisa é quase (e sublinho o quase) dada como certa.
A malta canta.
A malta neste país canta.
Têm razões para isso?
Pois não sei ( e sublinho o pois).
Mas, canta.
E canta por tudo e por nada.

E é o belo do bitoque.
E dizem… É pah já cá canta.

E é a bela da mini.
E murmuram entre um soluço e outro… É lecas já cá canta.

E é o último prémio do Euromilhões.
E desatam num corrupio … Cum catano.. Já cá canta.

E é uma qualquer moeda perdida na calçada.
E assobiam… Esta já cá canta.

Canta.
Canta. Canta.
Já cá canta.
Canta já cá… ou sei lá.


E se o bitoque canta…
E se a mini canta…
E se um qualquer boletim canta…
E que uma qualquer moeda canta..
Então que venha a reforma antecipada daqueles que nunca cantam nada, e só desencantam.

Mas, depois é a carga de trabalhos…
É um pé de vento.
E se o vento nunca foi visto.
Quanto mais o pé.

E que venha o canto.
Seja do bitoque, da mini…
Seja o canto da sala.
Mas, que venha.

Pois, sem o tal de canto.. é como diz o povo:
Isto de não ter encanto é O da Joana.
( E sublinho o Da)






P.S.2: Isto de cantar não sei se ajuda. Mas, que facilita.. lá isso…