quinta-feira, março 02, 2017

Retina

A alma quer-se cara e de fuças lavadas.
A alma quer-se assim sem tectos, lares, amparos de rendas fáceis. 
Empresta-me o teu sorriso, disse ele. 
Banco de juros altos, empréstimos de valores acrescentados.
Prefiro o internamento. 
Depois. Atrevi-me. Atrevo-me a tudo.
Não foram topologias. Pois não existiam vizinhanças.
Quando se remexe o estômago prepara-se a próxima refeição.
Mas quando se remexe as vísceras todas, de parede a parede, a raspar cada grelha, brecha, greta, racha, prepara-se a asma.
Porque quem morre respira. Quem vive é asmático.
Profundamente asmático de si mesmo. 
Não falo de gentes, sim de heterónimos. Os nossos.
Esgotos. Mas são veias, como se entrássemos dentro de cada uma delas, nus de tudo. 
De sensações,impressões e tocássemos com as costas da mão nesses tabiques. De mergulho. Sem palmas. Mas sem arrancar nada. Passar só. Sem fazer comichão.
Sem desesperos. Melancolias.
Sem nos habituarmo-nos a nada. Porque queremos logo tudo.
E chega-se lá acima. À serenidade.
Mas cansa. Esta serenidade, não cansa?
Não que não cansa, ah pois cansa.
Desconforme o teu o teu bombordo, alinhas o meu bombordo. E fica-se pelo cais.
É essa a serenidade, que cansa.
O alinhamento cansa. Fatiga. Morre-se. É. Pode-se morrer no alinhamento, sabiam?
Mais que nas trincheiras.
Não sou mulher de guerras civilizadas.
Gosto mais de garras, de anarquias sem votos.
Vetos de criaturas sistematicamente alinhadas… cansam-me.
Resta a dureza.
Esta que ficou entre o lençol e o cobertor.
Durmo nua.
Chove. E. Descalcei-me.

terça-feira, janeiro 17, 2017

Fosse o bater catastrófico da minha aorta
compassada pela melodia algo semibreve do meu cérebro,
e eu diria que o que eu sinto são rugidos.
Como aqueles, quando os seios ficam arrepiados.
E as veias ritmadas.
És maestro. Diz o miolo ao miocárdio.Com a nota de afinação em Sol Maior.