terça-feira, maio 16, 2006

Roupas à meia canela. Coração de canela inteira.

Escola Primária daquela aldeia que fica no sopé daquela serra.
Fins dos anos 80.
Olhar matreiro. Cabelo em pé. Roupas à meia canela.
Entrava nas nossas vidas pela primeira vez.
Vinha do outro lado da serra.
Uma terreola lá para os lados da Azambuja - dizia ele.

A seguir foi a 'preparatória'.
E o jogo da passadeira.
E as pernas partidas do 'ivai ai'.
E a adolescência.
E os primeiros cigarros com asma.
E as primeiras cervejas com vómitos.
E foi os passeios nocturnos de toda essa mocidade.
E foram as conversas na árvore até ás tantas.
E foi a formatura encolhida da banda filarmónica lá da terra.
E foram os passos de dança do Rancho lá do sítio.
E foi as passagens de ano no Baleal.
E foram risos e sorrisos.
E foram também lágrimas.

E fins dos anos 90. Assim, de repente... foi-se embora.
Lá para os lados do Carregado - Diziam alguns.
E já não eram apenas cigarros com asma.
E já era outra coisa.
E já não sonhava. Senti no olhar.
E já era voz distante.
E já não era olhar matreiro. Era perdido.
Mas, encontrou-se.
E foi risos e sorrisos.
E foi outro 'ivai ai' mas agora diferente :)


Sábado, 13 de Maio de 2006, 8 horas da matina
Estrada principal daquela aldeola que fica no sopé da serra.
Mocidade reunida.
Olhares de quem não foi à cama.
Gravatas perdidas.
Sapatos engraxados.
Depósito cheio.
Destino: Figueira da Foz.
O olhar matreiro, cabelo em pé. O roupa à meia canela ia dar o nó.
Chegamos.
Lá estava ele. No passeio, mãos a suar, voz trémula... e cabelo em pé.
Olhar apaixonado.
E é incrivel como o simples é tão bonito.
E ela entrou.
E ele no altar. Olhar fixo no nela.
E é raro sentir num casório, o que aqueles dois transmitiram aos presentes.
Amor.

E quem disse que os namoros de anos e anos é que são sólidos e verdadeiros?
O Roupas à meia canela provou o contrário.

É como aquela frase que se ouve de vez em quando na rádio:
"Acreditas no amor à primeira vista, ou é preciso passar outra vez??"

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