quarta-feira, novembro 25, 2009

Pescoço


Era verão. Era noite. E estava frio.
Falava o medo por entre a engrenagem do motor.
Ela estava no banco de trás.
Como o medo.
Ele na frente. Como o silêncio.
Entre o medo e o silêncio. Coabita o atrevimento.
Reflexos de gestos. Palavras. Entrelinhas. Respirares. Agonias.
Entre o receio. E. O Sossego.
Vive o arrojo. Arregaçado. Sem escrúpulos.
De impulsos inconscientes.
Entre o medo. E. O Silêncio.
Vivo eu ás vezes. Esticada. Em protesto. Agoniada.
Dependente de vómitos. Agonizantes do desejo.
Absurdo?
Absurdo é o amor sem loucura. Disse ele.
Enquanto ela esticada. Amedrontada sob a cama.
Sentia aquele gesto de dedos no pescoço.
E num respirar. Fundo. Descaíram os ombros.
E ficaram assim. Sem piedade.
Apressa-te, dizem os dias.
Excomungados pela saudade.
E já é inverno. É madrugada. E está calor.
Inconscientemente. Levo a mão aos lábios.
E atrevo-me. No banco de trás.

6 comentários:

Mαğΐα disse...

Obsceno.
Como obscenos devem ser os pensamentos que nos levam para o banco de trás quando o banco da frente não tem dinheiro no Multibanco!

Oh Fodasse!

Anónimo disse...

A magia diz que é obsceno...eu diria LINDO!
LINDO DE MORRER!!!

Camolas disse...

- Saudades do banco de trás, de amores livres e descomprometidos.

Mαğΐα disse...

Hummmm....

- ESCLARECIMENTO MATINAL -

Caro/a Anónimo/a das 2:30:00 AM

Os textos da Estranha e a sua forma de escrever em nada me são indiferentes, muito pelo contrário. Tocam-me sempre as entranhas por uma porrada de razões que não me apetece escrever aqui.

Por isso, quando usei a palavra "obsceno" no meu comentário, em nada quis dizer que o texto era feio. Aliás, nem pus isso em causa porque quando se gosta, gosta-se e não há cá porquês nem meios porquês ao ponto de nem sequer se pôr em causa a beleza.
Encontrei o Pernas em 2006 e não mais o larguei porque foi um "gostar à primeira vista". Deduzo que se gosto deve ser por acho belo e não porque acho feio. Bom, pelo menos é esta a minha forma de gostar.

Portanto, esclareço-lhe que a palavra "obsceno" foi usada no sentido de lascivo, sensual e sem pudor (estes são alguns dos muitos significados desta palavra).

Se o/a meu/minha caro/a anónimo/a das 2:30:00 AM acha que eu ao dizer que o texto é obsceno o estou a depreciar ou a dizer que é feio, bom, isso já não é problema meu.

Um bom dia para si, caro/a Anónimo/a
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Higino disse...

Assim é que é falar MAGIA!!!

Luis Eme disse...

coisas...

bancos, obscenos sim...