quinta-feira, novembro 01, 2012

iogurte

Hoje lembrei-me do deserto turco. Porque ontem foi daqueles dias que apetece mandar tudo para a p*ta que pariu, pegar na mochila, ir até a um qualquer porto ou aeroporto e meter-me na real. Na real alheta. Que porra de saudades tenho eu disso. Chega a doer cada entranha de cada ossinho do meu organismo.
Porque às vezes uma pessoa tem que fazer esse exercício. Ir buscar lá ao fundo da memória bon...
s lugares, bons cheiros, bons sabores, boas vivências para seguir em frente. E hoje em particular, o que fui buscar…. foi o deserto.
Aquela imensidão de nada do lado esquerdo, e aquelas montanhas cheias de neve , naquelas cumes que tocavam o céu. E depois… bem depois é aquele entardecer de cores ora mansas ora a transbordar de laranjas, amarelos, roxos azulados que passavam pelo deserto a fora e só paravam na neve. E era Páscoa. Num domingo. Daquele da ressurreição. Metáforas interessantes que a vida nos dá, portanto.
No meio da estrada que atravessa esse deserto, estava lá um dia… um puto franzino, de cabelos negros e olhos colossais, a vender iogurte de sementes de papoila. Há coisas estupendas na vida. E comer iogurte de papoila no meio de um deserto é sem dúvida uma delas. Isso e comer tremoços na tasca do Ti Alberto da Ajuda, daqueles mesmo cheios de sal que faz um qualquer tec tec na ponta da língua.
E a vida tem que ser mesmo isto. Tec’s tec’s . Saborear cada iogurte de papoila, cada deserto, cada entardecer… e no meio disto tudo colocar na ponta da língua cada sal e pimenta ao exagero. Daquelas malaguetas bem picantes. Que até fazem saltar a retina. Porque cá de merdas insonsas já nos basta tanta e tanta coisa. E se os outros querem ser insonsos, desistentes. Que sejam. Quero lá eu saber. A escolha, é deles. A minha é seguir. Saborear. E siga. Siga. Siga. Sigaaaaa. A uivar. O risco. Porque sem risco, não há bom tempero. E sem bom tempero a comida fica a modos que mal amanhada. Como diriam lá na ilha: Áquela não sejas discreta e segue a canada. A tua canada.
E se passares por mim. Dá-me a mão. E. Traz sal. E piri-piri. Que do iogurte trato eu.

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