segunda-feira, novembro 30, 2009

Embrião


Quando falamos dos nossos medos.
Entenda-se: A, outras pessoas.
Estas têm a brava, quase, ofensiva mania.
De compararem os nossos medos a memórias fracas.
E um tanto ou quanto, constrangidas.
Quando falamos dos nossos medos.
Entenda-se: A, outras pessoas.
O que nós não queremos ouvir, são cachimónias. Sagacidades.
Penetrações de castelos intelectuais.
É que a bem da verdade. Já nos chegam os nossos.
E se falamos é porque a angustia já é tão grande,
Que se torna asmática. Irracional. Quase. Insensata.
As recordações.
Quando falamos dos nossos medos.
A nossa Alma toda a forma [quase] física de um embrião enrolado no útero.
Em que os joelhos tocam o queixo.
E os pés ficam assim sem meias, frágeis a qualquer vidro no chão.
Quando falamos dos nossos medos.
Entenda-se, a nós mesmos.
O que nós queremos é parir.
Parir-nos a nós mesmos.
Arre.

8 comentários:

Luis Eme disse...

as pessoas não gostam de quem é capaz de dizer que tem "Medo", e ainda menos de quem fala dele...

Camolas disse...

- Eu também tenho medos, são meus e gosto muito deles

RM disse...

tive que me levantar, para conseguir acabar de ler.

Perfeito

CLÁUDIA disse...

GENIAL.

***

[des]conversas disse...

É mesmo caso para dizer: ARRE!!!O medo só nos torna inpenetráveis...e quando se fala em penetração, só os "duros" é que aguentam...com ou sem memória!!!
Gosto desse culto aos corpos, com curvas e deitados...é a tendência natural para a horizontal...o LIMITE!!
merece um brinde, quero um cálice de vinho tinto, daquele bom, sabes?

mfc disse...

Temos uma capacidade enorme de aguentar as tristezas dos outros!

Mαğΐα disse...

E a vertigem que empurra a alma para fora de nós?
Aquela vertigem que rasga o ventre das emoções e a cada batida do coração somos lentamente sugados de fora para dentro até estarmos tão perdidos que deixamos de perceber onde acaba o vazio e onde começamos a ser nós...
Amniocentese de sentidos.
Precisa-se!

Keziah disse...

muuuitoo boom!
como toodo o resto!