quinta-feira, março 02, 2017

Retina

A alma quer-se cara e de fuças lavadas.
A alma quer-se assim sem tectos, lares, amparos de rendas fáceis. 
Empresta-me o teu sorriso, disse ele. 
Banco de juros altos, empréstimos de valores acrescentados.
Prefiro o internamento. 
Depois. Atrevi-me. Atrevo-me a tudo.
Não foram topologias. Pois não existiam vizinhanças.
Quando se remexe o estômago prepara-se a próxima refeição.
Mas quando se remexe as vísceras todas, de parede a parede, a raspar cada grelha, brecha, greta, racha, prepara-se a asma.
Porque quem morre respira. Quem vive é asmático.
Profundamente asmático de si mesmo. 
Não falo de gentes, sim de heterónimos. Os nossos.
Esgotos. Mas são veias, como se entrássemos dentro de cada uma delas, nus de tudo. 
De sensações,impressões e tocássemos com as costas da mão nesses tabiques. De mergulho. Sem palmas. Mas sem arrancar nada. Passar só. Sem fazer comichão.
Sem desesperos. Melancolias.
Sem nos habituarmo-nos a nada. Porque queremos logo tudo.
E chega-se lá acima. À serenidade.
Mas cansa. Esta serenidade, não cansa?
Não que não cansa, ah pois cansa.
Desconforme o teu o teu bombordo, alinhas o meu bombordo. E fica-se pelo cais.
É essa a serenidade, que cansa.
O alinhamento cansa. Fatiga. Morre-se. É. Pode-se morrer no alinhamento, sabiam?
Mais que nas trincheiras.
Não sou mulher de guerras civilizadas.
Gosto mais de garras, de anarquias sem votos.
Vetos de criaturas sistematicamente alinhadas… cansam-me.
Resta a dureza.
Esta que ficou entre o lençol e o cobertor.
Durmo nua.
Chove. E. Descalcei-me.

terça-feira, janeiro 17, 2017

Fosse o bater catastrófico da minha aorta
compassada pela melodia algo semibreve do meu cérebro,
e eu diria que o que eu sinto são rugidos.
Como aqueles, quando os seios ficam arrepiados.
E as veias ritmadas.
És maestro. Diz o miolo ao miocárdio.Com a nota de afinação em Sol Maior.

quarta-feira, novembro 23, 2016

Humidade.
Está húmido.
Húmido.  HÚMIDO.
Daquela humidade que entranha.
Infiltra. Arreiga.
A pele.  Cútis. Tez.
Assim. De espantos. Paralelos.
Infinitos. Ah o infinito. Esse se falasse.
O infinito.
Oito deitado de espasmos horizontais.
Verticais que se tocam. Focam. Fodem.  Se.
É. São.
E tornam-se a tocar. Faz eco. Daquele do bom.
Xiu. Silêncio.
Que se vai tocar o prazer.
Mordente. Húmido.  Intuitivo.

Relaxa. Está húmido.

terça-feira, novembro 08, 2016

Trinca

A vida é para ser sentida num segundo, num aroma, num gesto, num silêncio, num olhar. 
“Amanhã vejo isso.” Mas, qual amanhã? Como se o ser humano tivesse a capacidade de reunir todas as condições necessárias para que no tal amanhã, se consiga sentir as coisas da mesma maneira. A vida não são dois dias. Nem três. Nem quatro. E muito menos, cinco dias e meio.
A vida é para ser sentida num soluço. Ou será. Num impulso? Impulsos de gemidos, odores, ardores. Trinca-se a maçã na dança dos preliminares. Impulsos. Numa página em branco sobre um pincel vermelho. A sentir o denso suco a circular nas veias. É tinta a escorrer. Pelo soalho abaixo.
Magia do clímax, aquele em que sentimos que a vida é desejo. Uma vez. E duas. E três. E seis e nove. E, as vezes que fossem necessárias. Espreguiçar ao comprido sobre a satisfação.
É escrita na tela em branco. Enlaçaram-se.
São impulsos. Estes. Assim.
É como comer uma maçã: Nunca ouvi ninguém dizer: "Amanhã acabo de comer isto"
Come hoje. Porra. Agora. Arreganha-te. Pelo soalho abaixo, a tela ali. Em branco. Aniquila. O pecado.
Encanta-te nas tuas veias. Repousa com sofreguidão nas entranhas. Bate. Come. Transpira. Desfalece. Renova-te. Inventa-te. Não contenhas nada.
Desfalece antes a vergonha. Tira a casca. Mas tira-a toda.
Trinca a maçã. Mas trinca por inteiro. Até ao caroço. Esse. Trinca-o também. Bate. Transpira. Desfalece. Renova. Inventa. Mas Trinca. A bom trincar.
Onde pára o teu respirar?
Na trinca?
Ou na maçã?
Encanta-te!

Trinca

A vida é para ser sentida num segundo, num aroma, num gesto, num silêncio, num olhar. 
“Amanhã vejo isso.” Mas, qual amanhã? Como se o ser humano tivesse a capacidade de reunir todas as condições necessárias para que no tal amanhã, se consiga sentir as coisas da mesma maneira. A vida não são dois dias. Nem três. Nem quatro. E muito menos, cinco dias e meio.
A vida é para ser sentida num soluço. Ou será. Num impulso? Impulsos de gemidos, odores, ardores. Trinca-se a maçã na dança dos preliminares. Impulsos. Numa página em branco sobre um pincel vermelho. A sentir o denso suco a circular nas veias. É tinta a escorrer. Pelo soalho abaixo.
Magia do clímax, aquele em que sentimos que a vida é desejo. Uma vez. E duas. E três. E seis e nove. E, as vezes que fossem necessárias. Espreguiçar ao comprido sobre a satisfação.
É escrita na tela em branco. Enlaçaram-se.
São impulsos. Estes. Assim.
É como comer uma maçã: Nunca ouvi ninguém dizer: "Amanhã acabo de comer isto"
Come hoje. Porra. Agora. Arreganha-te. Pelo soalho abaixo, a tela ali. Em branco. Aniquila. O pecado.
Encanta-te nas tuas veias. Repousa com sofreguidão nas entranhas. Bate. Come. Transpira. Desfalece. Renova-te. Inventa-te. Não contenhas nada.
Desfalece antes a vergonha. Tira a casca. Mas tira-a toda.
Trinca a maçã. Mas trinca por inteiro. Até ao caroço. Esse. Trinca-o também. Bate. Transpira. Desfalece. Renova. Inventa. Mas Trinca. A bom trincar.
Onde pára o teu respirar?
Na trinca?
Ou na maçã?
Encanta-te!

terça-feira, novembro 17, 2015

É isto que eles querem. O medo. A opressão. Eles vivem do nosso medo. Alimentam-se do nosso medo. Não querem a liberdade. Não querem a vida. Não querem sorrisos. Não querem nada. E querem tudo. Eu sei lá o que eles querem.
O que eu gostava sei eu. Gostava que inocentes não morressem. Que as crianças tivessem direito aos pais. E que os pais tivessem direito aos filhos. Gostava tanto disso, disso e de sorrisos, e de coração e de alma. De almas bonitas. O que eu gostava disso. 
Para todos os seres humanos, de todas as nacionalidades que ficaram órfãos de coração, o meu abraço. A minha oração.
Esta realidade que todos pintam de azul, branco e vermelho. Não são apenas essas cores. Não é apenas desta sexta-feira treze. É de décadas. É de milhares e milhares de vítimas por todo o mundo. De todas as raças, de todas as cores.
Não é só o Ocidente. Não é só o Oriente. Somos nós todos.
Eu não sei onde esta guerra vai parar. Não sei mesmo.
As crianças do oriente não são menos crianças. E não vejo ninguém com as cores da Síria por essas crianças.
Doí-me a Alma. Deste tempo. Deste século. Desta guerra.
Em tempos vi crianças a morrerem à minha frente. Também foi com tiros. Também foi numa guerra. Que não era a minha. Que não era a delas. Que não era a nossa.
Passou cinco minutos no telejornal. Nenhum edifício ficou com as suas cores, com os seus sonhos, com o seu olhar.
Em 2014 foram registrados 13.463 ataques em 95 países - um aumento de mais um terço em relação aos 9.700 ataques registrados no ano anterior.
Boa noite.

terça-feira, maio 12, 2015

Se uma pessoa vai do nada.
E tira o acento ao cágado.
O cágado fica cagado.
O que é uma chatice.
E é por causa disso.
Que não sou lá grande fã dessa coisa do Acordo Ortográfico.

terça-feira, maio 05, 2015

Não sei se existem finais perdidos.
Ou se por outra. Se o que existe são perdidos sem finais
Seja como for.
A serem encontrados os finais.
É muito capaz de não existirem perdidos.
 

quarta-feira, abril 29, 2015

Paulo

Devia ser proibido por lei. Um aluno não devia de maneira alguma, ir embora antes do professor.
O meu coração está de luto.
Para todos os meus alunos, de África aos Açores. De Paço de Arcos, à Madeira. Façam-me um grande favor. Cuidem-se. Mas cuidem-se a valer. O meu coração não está preparado para isto.

quinta-feira, abril 16, 2015

sexta-feira, abril 10, 2015

Não sei se existem finais perdidos.
Ou se por outra. Se o que existe são perdidos sem finais.


Seja como for.


Encontrei-ME.

terça-feira, abril 07, 2015


Não sei se existem finais perdidos.

Ou se por outra. Se o que existe são perdidos sem finais.

Seja como for.

Perdi-me.

segunda-feira, abril 06, 2015

Não confies em ninguém que comece uma frase com um 'Um dia destes...'.
Quem começa uma frase assim.
Também começa uma vida.


Tem um resto de bom entardecer.

Se só sentes o que é suposto.
Lamento informar-te.
Mas a vida não é o ’suposto’.
Repito. Se só sentes o que é suposto.
Nunca sentiste. Nem tão pouco viveste.

 

Tem um resto de bom dia.

terça-feira, março 31, 2015


As pessoas são.

Sem o serem.

Nunca são.

Hoje.

Houve uma vez que encontrei uma pessoa.

Que era.

Já morreu.

E ainda está vivo.

Ou a existir. Como preferirem.

Foi o funeral.

Faltei ao velório.

Um dia. Vai acordar.

Bater no caixão.

Naquelas tábuas velhas.

Com os pregos espetados.

Nas veias. Enferrujadas.

Querendo ser.

O que já passou.

Ontem.

Pensava com certezas. Ontem.

Hoje já não sei.

quarta-feira, março 18, 2015

Tive hoje uma conversa com Deus. Foi porreiro. Piscou-me o olho e deu-me um sorriso malandro.

quinta-feira, março 05, 2015

A vida não é curta nem comprida. A vida é a vida. E não se mede em tempos.
 Mas em momentos. Não faças desses momentos partilhas de energias menos boas.
A vida não é curta nem comprida.
A vida é para tu viveres com aquilo que tu és, com as pessoas que tu queres.
Com os teus sonhos.
Não permitas ninguém dizer-te que não és capaz, que os teus sonhos não são importantes.
Afasta-te dessas pessoas. Ridículos são eles. Que não sabem sonhar.
Gasta as tuas energias com os corações que valem a pena.
Com aqueles que te fazem sorrir.
Que te fazem bem. Que dão aquela tranquilidade que tanto precisas.
E que só a alma sabe o que é.
A vida é como a Alma. Sem tempos. Relógios. Ponteiros. A vida não é curta nem comprida.
A vida é a vida. E a vida é amor.
Ninguém disse que tinhas que amar toda a gente.
Isso implicaria amares por exemplo o Hitler.
Mas permite-te a amar quem vale a pena. Não gastes energias onde não vais sorrir.
Onde não vais ser respeitado. Onde não sintas aquela insana tranquilidade que só quem ama verdadeiramente os seres humanos sabe ter. A vida não é curta nem comprida.
Mas há pessoas que usam esse ‘não-tempo’ com desumanidades.
Faz-me um favor, não sejas uma delas. Para eu continuar a amar-te.

terça-feira, dezembro 23, 2014


Um dia deitei-me num caixão.
E por lá estive.
Anos.
E nem terra por cima tinha.
E agora. Hoje. Na vertical.
Continuas a velar um corpo.
Com terra. Não o meu. O. Teu.
Não rezes. Deixei de ser católica.
Tenho noção do teu inferno.
Pensei eu que não merecia o céu.
Um dia. Deitei-me. Não foi contigo.
E foi tão bom.

quarta-feira, dezembro 10, 2014

Pensar. É uma espécie de preconceito.
Pensar. Com a própria cabeça, acrescente-se.

Já. Amar. É uma espécie de raridade.
Amar. Com o coração todo, valorize-se.

quarta-feira, dezembro 03, 2014

domingo, novembro 16, 2014

domingo, novembro 02, 2014

Já soube…” É que se fosse ao contrário, se de repente o emissor fosse o receptor, talvez não houvesse esta néscia e quixotesca teima de ouvirmos um… “Eu avisei-te…” […] Há realmente muita merda que me irrita, e esta maleita de catalogarem as coisas do miocárdio com últimos volumes, logo atrás da enciclopédia do raciocínio, é uma delas. Fosse assim, não teria havido a caverna. E Platão não teria sombras. As realidades não são assim. Nem assado. As realidades são o que são. E valem o que valem. E até podem não valer nada. uiii Já soube. Eu bem te avisei. O que entendo eu disto? Nada. Por isso é que não tenho enciclopédias.

quinta-feira, outubro 30, 2014

Hoje vi-te na rua.
Pisquei-te o olho.
Tu de soslaio perguntaste: Porque me piscas o olho mulher.
E eu pisquei outra vez.
Tu. |sociedade serena|. Que nada vês. Que nada escutas.
Ouve o meu piscar de olho.
E vê bem o que te digo: Vai-te Foder.

domingo, outubro 19, 2014

segunda-feira, maio 12, 2014


Ao longo da vida fui aconselhada a não fazer nada do que fiz até agora.

O que não deixa de ser engraçado. Porque o que sou hoje, gosto.

E esses sujeitos, não mudaram. E não gostam.

quinta-feira, abril 24, 2014

Ás vezes perguntam-me
como é que tenho tempo para tanta coisa.

Ao que eu respondo:
É fácil teres tempo para a tua vida.
Basta não perderes tempo com a vida dos outros.

quinta-feira, abril 17, 2014


Revolta-te

Revolta-te pelos ‘nãos’ que não disseste.

E pelos ‘sins’ que bocejaste.

Revolta a tua preguiça. O teu assim-assim.

Manda o ‘assim-assim’  bardamija.

Revolta o teu medo. A tua indeterminação.

Manda a tua hesitação ir dar uma grande volta ao bilhar grande.

Manda-para  p*ta que a pariu. Que cá merdas da hesitação está o mundo apinhado.

Revolta-te. Mas revolta-te à séria.

Que brincadeirinhas da treta não entram na Revolta.

Revolta-te à grande e à Portuguesa. Como naquele  25 do mês de Abril.

Revolta-te à séria. Sem adornos. Efeitos. Revolta-te a nu.

Porque só a nu vence a Revolta.

Eu cá gosto tanto de revoltar-me.

Bardamija ao ‘assim-assim’.

Revolto-me. E. Gosto.

 

segunda-feira, abril 14, 2014

terça-feira, abril 01, 2014

Existem gentes.
Existem pessoas.
E depois existem os seres humanos. Aqueles.
Aqueles que por onde passam deixam marca. Daquela marca tão boa...
De vida.
Da verdadeira vida.
A Sá é assim.
Recuso-me a sentir no passado.
Tu és assim. Um ser humano tão bonito.
Vais deixar tantas tantas saudades.
Quero deixar a tua marca no pernas, foste das primeiras leitoras.
És das primeiras leitoras.
Tento tanto orgulho em ti.
Já tenho tantas saudades....

Até logo.
Amanhã vai até ao oceano.... deixo-te lá uns malmequeres.
Daqueles parecidos com os da nossa serra.

Até logo.

sexta-feira, março 21, 2014

domingo, março 09, 2014


Despe-te perante ti mesmo. De tudo. De passados. De presentes. De futuros. De pessoas. De lugares. De tudo. E só quando conseguires fazer isso, aí sim. Quando deres por ti, estás a ir na rua e a sorrir para ti mesmo, sem razão nenhuma e a dizeres... foda-se ... sou um ser humano do caralho. E para isso só é preciso uma coisa, não teres medo de ti, do que vais ver depois de te despires até ao âmago. Tens tomates para isso?

terça-feira, fevereiro 18, 2014

Se te disserem que a tua vontade é insana.
Sorri. É sinal que tens tomates. Só os loucos os têm.

sexta-feira, fevereiro 14, 2014

Nobel? Nobel é a distração!


Conta a lenda que num certo dia um bacano matemático apaixonou-se pela mulher do Alfred.

Passados uns anos, o Alfred que se dizia de Nobel, inventou uns prémios. Mas como ainda sentia os cornos na testa, resolveu não atribuir à matemática, nenhum dos prémios.

À ‘pála’ disso decretou-se que nenhum matemático podia-se apaixonar. Salvo uma rara excepção, quando estivesse distraído.

Distrai-te!

terça-feira, janeiro 28, 2014

Sinal Vermelho


Há quem passe uma vida inteira a passar sinais verdes.
Que maçada, que aborrecimento.
Uma vidinha de sinais verdes deve ser uma chatice. Uma treta, portanto.
Isto é como tudo. Há quem tenha tomates. E há quem não tenha.
Passar um sinal vermelho. Sem saber o que está do outro lado. Como senão houvesse amanhã. Há lá sinal verde que faça a vida orgástica?
Não me parece.

segunda-feira, janeiro 20, 2014

Ménière.. Oh Ménière.

O Síndrome de Ménière não tem cura. Há que aprender a viver com ele, há dias melhores, dias menos melhores. Ontem fui um desses dias… daqueles em que só apetece desligar a tomada. Ontem o Ménière ia vencendo, porque há dias em que simplesmente estamos tão cansados dele que só apetece baixar os braços. São muitas as pessoas que não sabem, nem entendem o quanto é difícil esta doença, e ta...mbém são muitas as pessoas que perdem a paciência connosco. O que é compreensível, se nós próprios perdemos tantas vezes a paciência com este não convidado. Foi num dia como ontem que tive a ideia de juntar meia dúzia de pessoas que sofrem deste Síndrome, na altura pareceu-me descabido, mas depois do dia de ontem quero realmente fazer isso. Juntar meia dúzia de pessoas que sofrem do Ménière, para fazermos uma curta-metragem com a ardósia, de sensibilização à comunidade/sociedade de um modo positivo. Se és da zona de Lisboa e conheces alguém que sofra de Ménière e queira participar nesta curta-metragem, indica-lhe deste projecto. Pequenos gestos, podem fazer toda a diferença. Muito obrigada.

Abraço daqui de mim, Estranha Pessoa Esta.

No último domingo saiu à rua a IV curta-metragem Numa Rua. Aqui--> http://www.youtube.com/watch?v=ljWjjES465Q&feature=youtu.be

segunda-feira, dezembro 02, 2013

quarta-feira, novembro 27, 2013

Contigo aprendi a confiar menos.
Nos outros.
Mas foi também contigo que aprendi. A confiar.
Tudo. Em. Mim.

A amar-me. Portanto!

É. Foi bom. Viveste.
Vives|te-me.
Mas ainda bem que já morreste-me.

quinta-feira, novembro 21, 2013


Às vezes a aorta entra em decadência intelectual.
Oh Maravilha.
De juízos de valores estandardizados
As sensações não se regem de faces pálidas.
De peixes amórficos. De botelhas entulhadas numa qualquer varanda.
As sensações, essas são como os gargalos.
De beiços em bico. Sedentos. De gargantas.
Que vos chamem de vadios. Que se fodam.

 

sexta-feira, novembro 08, 2013


Margarida Rebelo Pinto,

Houve uma vez, aqui há uns anos, alguém vira-se para mim, e diz que sou uma ignorante porque nunca ter lido um livro seu. Afirmou ainda, que mulher para ser mulher, tinha que ler os seus livros.
Note-se porém, que a trato por você, não como sinal de respeito, mas de distância. Porque de si e de mulheres como a senhora, quero é distância.
Nunca li um livro seu. E veja lá você bem, que sou uma mulher inteira. Não é fantástico?
Mas sabe o que é ainda mais fantástico? O seu humor.
Gosto tanto. Então quando a senhora chamou a todos nós portugueses de… treinadores de bancada. Ri-me a valer.
É. Realmente a senhora é uma humorista nata.
Já pensou em ir brincar aos pobrezinhos para a Comporta? Pense lá nisso. E se possível vá a banhos. E já agora à pesca.
É que mulheres como a senhora, não devem saber nadar e muito menos pescar.
Pessoas como a senhora, gostam de comprar o peixe no supermercado. Nem se dão ao trabalho de ir ao mercado e muito menos sabem o que é uma lota. Pessoas como a senhora, não sabem o que é pescar. E ainda têm a lata de dizer e mais, o atrevimento de vir ensinar a pescar.
Tenha juízo. Pegue em si, vá ao Ikea, compre um banco. Pegue nele e vá até às Berlengas ser treinadora de gaivotas.
Tivesse eu idade para ser sua mãe, e dava-lhe uma valente bofetada nessa cara.
E desculpe senão entendeu a metáfora da pesca, é que tal como a senhora diz... nós portugueses devemos muito à inteligência.

Cumprimentos,
A mulher que nunca leu Margarida Rebelo Pinto

segunda-feira, novembro 04, 2013


Escada de tábuas.
Não. Era granito. O corrimão, sim. Era de madeira.
Colaterais. Glaciais. Austeros. Degrau. Um. Degrau. Três. Degrau. Cinco.
E enquanto subia. Nos ímpares. Que eram os dias. Mirava pelo ombro.
Não pela quina da retina. Por cima. Do. Ombro. De alça fina. Comedida. Centrada.
E é assim que se governa uma alma. Focada nos dias pares. Distraída nos dias ímpares. Porque são assim as distracções. Reles. De tão boas que são.
A escada toma forma. A nossa. A tua. A minha. Alma. Densa. Sem corrimão. De braços abertos. Espreguiçados. Escada acima.
E entre andares. Dança.
Despe-te se for preciso. Vá. Dança, porra!
É dever dos arquitectos fazerem alpendres para dançares. Dança. Dança contigo. Espreguiça-te à vontade. Para lá das assimptotas.
Arrebenta com cada osso. Vá. Foda-se. Arrebenta com todos os ossos.
Deixa ficar só a Alma. No alpendre a dançar. Sem música. Sem nada. A. Nu.
Eu disse a nu.
Despe-te. A dança é tua. Que se foda se estão a ver.
Corre. Corre. Corre. Atrás de ti mesmo.
Deixa a roupa. Ficou lá atrás. Continua a correr. Sente cada osso.
Ainda sentes os ossos? Eu disse-te para rebentares com todos.
Continua a correr. Sente a sola do pé. É pó. É alcatrão. É calçada.
Pára. Pára agora!
E dança outra vez. Que importa se é ré sustenido ou si bemol. Não há música.
És só tu.
E o alpendre.
E é tão bom não é?

E é assim que se governa uma alma. Focada nos dias pares. Distraída nos dias ímpares. Porque são assim as distracções. Reles.
De tão boas que são.

terça-feira, outubro 15, 2013

Lamentavelmente não tenho saudades tuas.
O que é lamentável para ti.
Agora coloca esta frase no pretérito imperfeito.
E terás o meu sorriso rematado.

terça-feira, agosto 13, 2013

Seja por oxigénio. Por aquela pedra da calçada. E aquela viagem que nunca fizeste. Por aquele vizinho que assobia à janela. Pelo teu irmão. Pelo trabalho. O oceano. A areia que não foi parar à duna. O caminho que parece não ter canada certa.... Aquela bebida ao fim do dia. O entardecer do deserto. O amanhecer na ilha. E aquele abraço sem agenda. Um quadro. Uma lágrima pela tela abaixo, deixa que escorra pela parede. É tua. Apaixona-te. Mas apaixona-te a sério. Como se querem as paixões. Inteiras. Com o coração todo. E segue. Segue. Segue. Seja o que for, se te faz sorrir, não é pecado. E se for, que seja. Há pecados tão bons, é ou não é? Ah pois é! Segue. Segue-o sempre. Porque ele é teu. Só teu. Teu. Teu. Teu. Até ao limiar de cada célula. De cada veia. De cada batimento. Segue-o. Pára. Ouve. E depois segue. Segue como se não houvesse amanhã. Dança ao som de cada pulsação. Abana a anca. E Segue-o. E ri. Mas ri a bom gargalhar, às vezes ele precisa disso. Distrai-TE. Mas não percas o autocarro!
 
 

domingo, agosto 04, 2013

Às vezes temos sonhos. E ninguém acredita neles.
É como ir à Lua. Era absurdo, e foram.
Gosto muito quando são absurdos. Gosto tanto!
Só os cobardes acham os sonhos absurdos.
Se os tens. Sonha.
E se os tens com eles bem no sítio. Então. Acredita e Faz !

quarta-feira, julho 17, 2013

Hannah




Não gosto de me guiar por mapas.
Nem por agendas. Nem ponteiros. Tic tac’s só no miocárdio.
Também não gosto de gestos previamente ensaiados. Arquitectados.
Gosto de impulsos.
Do imprevisto. O que eu gosto do imprevisto. Junto com impulsos.... Gosto tanto.
Foi num desses impulsos do imprevisto, ou ao contrário também dá, que conheci Hannah.
Senhora de um quê de dissemelhante. Sentada num banco de madeira, lia o jornal sobe os graus negativos que se faziam sentir. Retina grande. Antiga actriz de teatro dos anos 60.
Nos sapatos de sola fina, a imagem da maschera nobile. Curiosos aqueles sapatos. Como curioso era tudo em Hannah.
Chamou-me para dentro da sua loja. Trajes e mais trajes do outro século e ainda do outro. Parecia que estava dentro duma máquina do tempo. Sublime, verdadeiramente sublime aquela loja no meio daquele beco perdido com aquela senhora de conversa agradável.
Conversamos sobre a Grécia antiga, sobre filosofia e também sobre sentimentos.
Curiosa esta vida de pessoas qua ainda vão tendo a coragem de serem diferentes, de terem aquele charme tão eloquente do que é intenso e bonito.
Hannah conhece Lisboa, e o que mais gostou foi da ladra, que se diz feira. E da vista. E do Tejo. E do mar.
Combinamos a ausência de informática para a troca de partilha do clicar. Este segue por carta, assim como uma concha, deste mar que é tão nosso.
Hannah foi de um enorme prazer conversar contigo e partilhar um pouco da minha estranheza.
E é por isto e por outras tantas coisas, que uma pessoa mesmo que viaje sozinha, nunca está sozinha. Existem pessoas fantásticas em cada esquina.
À nossa espera.
No imprevisto.
E eu gosto tanto disso.
Improvisa

[Na ardósia | https://www.facebook.com/numarua | uma citação de Rumi, filósofo preferido de Hannah | Amesterdão ]

quinta-feira, julho 11, 2013

Pisca Pisca


De vez em quando, há que dizer: Que se f*da. Ou para os mais tímidos que se lixe.
Que se lixe, dá liberdade.
A liberdade. Insanidade.

E às vezes. Tão meticulosamente. Às vezes. É o que basta.

Insanidade. Bem ou mal, tudo o que vale realmente a pena. Tem aquele doce e salgado toque de insanidade. Há quem chame de sensualidade, atreve-te. E pisca o olho à vida ;)


Ou já morreste?

segunda-feira, julho 08, 2013

Eleições


Já era de noite em São João dos Angolares, na costa leste da ilha de São Tomé, distrito de Caué.
Noite cerrada, quase sem lusco-fusco. Eu vinha do lado da capital, Cristopher do interior, da mata, esteve todo o dia a fotografar insectos, e nem se apercebeu que naquele domingo tinha sido as eleições. Mas sobre Cristopher, filósofo Holandês, partilho noutra altura.
As eleições em África é qualquer coisa de não descritível. É ir lá. E ver. Os cidadãos são premiados com dinheiro... ou até motos, pelo voto. E quando vão votar levam um carimbo na mão, para que os apoiantes dos partidos saibam que aquela pessoa já votou e assim fazerem o que têm a fazer das piores maneiras.
É impressionante o quanto o iletrismo, é um factor importante para estes políticos, já dizia não sei quem, que o pior inimigo de um político é a sabedoria do povo. Fora da capital reina o iletrismo e todas as más consequências deste.
À medida que fui descendo aquela canada cor da terra que só África sabe ter… várias crianças vieram ao meu encontro, só queriam um abraço, um colo. É. Só queriam um colo. Passei o centro da vila com onze crianças. Uma em cada dedo da minha mão, e ainda uma outra agarrada à minha cintura. É provavelmente uma das melhores imagens e sentimentos que tenho das minhas viagens, e também, das minhas memórias. Porque são daqueles sentimentos que não se descrevem. Não há adjectivos. Léxico que chegue. Sente-se. E pronto. E basta.
Quando paramos na praça, um homem dos seus trinta anos, encostou uma arma à minha cintura e diz: “Só passas desta praça com vida, porque estás com as nossas crianças. Uma branca, sozinha aqui em dia de eleições. Ou não sabes o que se passa, ou estás a armar-te em valente.”
Eu sabia exactamente o que se passava. Mas arrisquei. Confesso, quando senti o cano da arma na cintura, tremi. Suei. Mas sorri e só disse. Estou na paz, só vim dar uns quantos abraços às crianças. Ele retirou a arma da minha cintura, colocou-a em cima do ombro e disse, tens uma hora para sair daqui. E eu tive mais um dia. Quem me deu almoço no dia seguinte? A família desse homem. A vida tem coisas fantásticas. Não tem?

[ No clicar, algumas das onze crianças]



segunda-feira, julho 01, 2013

Disse

Aproxima-te.

Foi o que ele disse. Encostado ao armário de madeira. Pernas cruzadas, o corpo virado para leste. Dizia que era como as corujas. Sempre pousadas para Leste. Onde há iluminação. E sim, disse ele. E lá ao fundo da sala. No canto leste. Aquele canto, o mesmo que tantos silêncios já ouviu. Partilhados. Fundos.

Aproxima-te.
E ela na poltrona. Encostada ao manto vermelho. Ligas pretas, o corpo virado para Norte. Dizia que era como as serpentes. De nortadas. Ousadas. Onde há talvez a escuridão. E sim, disse ela. E lá do outro lado da sala. Do canto Norte. Aquele canto, o mesmo que tantos gemidos já ouviu. Partilhados. Fundos.

Eu disse, aproxima-te. Não ouviste?
Cruzou os braços. Acendeu um cigarro. Tirou os olhos do chão, olhou a poltrona. E ela de costas. No vermelho. Do pecado. O corpo apenas com aquelas ligas pretas.

Entre luz de Outono. Da janela do canto sul. Fim de tarde. De dourados.

Aproxima-te.
Disse ela. Descruzando as pernas. Aliviando a liga.
Tocava um piano. Lá fora. Tinha cauda. Sem músico. De pautas.

Tocou-lhe na face.
E não se aproximou. Disse ele.
Com ela.

quarta-feira, junho 19, 2013

Números

Senhor Ministro Crato

Sou muito sincera… pouco ou nada percebo de política, mas uma coisa sei, o senhor e todo o seu ministério, colocam dia após dia, em causa o amor e o respeito que alguns professores têm pela profissão.

... Em nenhum dos seus discursos oiço, que é preciso acreditar na inovação, nos professores, nos alunos e no ensino enquanto veículo de crescimento pessoal, intelectual e humano.
Desculpe, mas o que o senhor está a fazer não é inovação, é parvoíce. A roçar a desumanidade.

Todos somos humanos, todos devemos um terno e eterno respeito, pelo que nos rodeia. E assim como temos devemos respeito, também o merecemos. Nunca em nenhum dos seus discursos, ouvi a palavra amor. Ou acha que com nove anos de ensino senão fosse por amor que continuava? O seu motorista ganha muito mais que eu, tenha juízo. E já agora senão for pedir muito… tenha coração.

O senhor é matemático. Mas também é estatístico. Sabe, houve uma vez que ouvi um grande matemático da nossa praça, afirmar que a estatística não é considerada matemática. Concordo. Porque a matemática é bonita… e o senhor só quer saber de estatísticas… de teorias probabilísticas….de.. algumas incertezas para que alguns pensem que você é a própria certeza.
Num dia destes, vi-o. Tinha um ar altivo, olhar vazio, sempre de mãos fechadas. Não fosse eu saber que o senhor era o senhor, e nunca diria que você é professor.
Oh... desculpe. Afinal era mesmo você. O politico.
Espero de coração, que num destes entardeceres, abra as mãos, sinta humildade... e encha a retina.
É que eu se estiver de ar altivo, olhar vazio e mãos fechadas... afecto mais de uma centena de alunos... você afecta milhares deles.
E nem que afectasse apenas um. Esse ‘um’ não é um número. É um ser humano.

Cumprimentos
Estranha Pessoa Esta

sábado, maio 25, 2013

Convite

Houve uma vez que casei-me.
Fiz convites. Convidei a malta e foi um tal churrasco a tarde toda. Até prendas recebi. Calçava ténis.
Hoje descalça. Pensei. Porque raio é que a malta atura aqueles estupores que vão para os funerais chorar e aiii e tal e coiso que era tão boa pessoa. E depois vai-se a ver parava na mercearia da esquina a falar do dito cujo que era isto e aquilo e o mais que fosse. Mas...
hoje? Ahhhh hoje que morreu, já era tão boa pessoa.
Pois eu quero que esses choros insípidos todos se f*dam. Como tal, no meu funeral só vai quem me apetecer.

E se de repente aparecer na tua caixa de correio um convite para um funeral. Não estranhes. Foi a estranha que faleceu. Sorri. É sinal que tens tomates.

Obs.: Aparece descalço.

sexta-feira, maio 17, 2013

Linha



No próximo apeadeiro deita a mala fora. Não esperes pela estação, ela pode não chegar.
Tira a gravata. Tira tudo. Tudo o que te sufoca. Que te prende. Que não te abrace.
Tira. Fica a nu. Completamente a nu. Sem medos. Eriça-te.
Abate o que...
te estrangula. Tau. Mata isso. Enterra e faz cócó em cima.
Caga de alto para as recordações menos boas. Ou então pega nelas apenas
solidificar a tua ‘coluna’ e dares valor… aquele valor... ao que merece realmente a pena.
Aquelas recordações, mala cheia de autocolantes, sítios, pessoas, passagens, ora metade cheio, ora metade vazio. Se tinhas uma destas com um cinto castanho, e apertavas o cinto conforme as sensações, e um dia apertaste tanto tanto mas, tanto… que esqueces-te de sentir, guardavas tudo e no fim não vivias nada. Hoje, sim hoje orienta-te e fica sem mala. Arranja antes um bolso… Eu cá gosto de bolsos, daqueles pequenos como eu… guardo o necessário para respirar..
E o resto dou ao vento..
Saio na próxima estação.
Gosto de estações… as malas grandes só servem para apeadeiros.