segunda-feira, junho 15, 2009

Escrevo-te do telhado.
Sob telhas húmidas.
Beirados meio que tresloucados.
Escrevo-te hoje. Porque não posso esperar para amanhã.
Hoje não há Lua.
Pelo menos daqui não a vejo.
Está nevoeiro.
Um leve nevoeiro.
Ainda se vê a Serra.
Cheira a Alecrim.
Eucalipto.
Rosmaninho.
Ontem foi noite de Santo António.
Não houve fogueira.
Saltos.
Cantorias.
Ontem sussurraste delinquência.
Daquela que desinquieta até ás paredes do estômago.
Daquelas que definem todas as curvas dos lábios.
Em que cada fio de cabelo toma aquele sentido.
Do desejo.
Do pescoço.
Porque é no pescoço que todos os gemidos se concentram.
Em que apetece arrastar as mãos.
Cravar as unhas.
Arrancar a garganta.
Esticar a medula toda.
É delinquência, isto.
É criminalidade o que fazes comigo.
Agora cai uma chuva miudinha.
Deixei de ver a Serra.
.. E um dia destes arrisco-me a ir presa. De tanto nevoeiro que se faz sentir.

4 comentários:

Mαğΐα disse...

Depois da reinação ainda foste escrever para cima do telhado?!

Vê-se mesmo que.


































e mais não digo!!! Não é por nada, mas é que não tenho condições para subir aos telhados. Faltam-me uns degraus no escadote! (os ultimos)

Agora vou-me RASPAr daqui para fora!

FUI!!!!!

lampâda mervelha disse...

Eu, dormi.

Rafeiro Perfumado disse...

Chuva miudinha e tu no telhado? É este o drama de Portugal, aposto que a seguir metes baixa, ou por constipação ou por escorregares e dares com os costados cá em baixo...

Adelina Silva disse...

É a isso que se chama "Gata em telhado de zinco quente"!