segunda-feira, abril 24, 2006

Silêncios


Ouve-se uma música do outro lado.
Ouve-se conversas paralelas e oblíquas.
Ouve-se um carro a descer a calçada.
Ouve-se um riso.
Ouve-se um copo que se partiu.
Ouve-se o estalar de um esqueiro.
Está frio!

Ouve-se que não sei o quê do campeonato.
Ouve-se outro não sei o quê de ontem.
Ouve-se ainda outro não sei o quê de amanhã.
Está frio!

Ouve-se passos.
Ouve-se um murmurar.
Está frio!

Ouve-se tudo... E não se ouve nada!
Ouve-se, não se escuta!
Escuta-se o que se esconde!
Ouve-se!
Houvesse o que se ouve. E não houvesse o que se escuta!
Está realmente frio!

Escuta-se o silêncio.
Escuta-se o olhar.
Mas, não se ouve.
Abafa-se.
Está mesmo muito frio!

1 comentário:

Anónimo disse...

Canto de uma sala

Silêncio…
Que desactiva todos os sentidos, e querendo falar, não se fala, querendo ouvir, não se ouve, querendo ver, não se vê, querendo tocar, não se toca e querendo aspirar, não aspira, não respira, não se sente, apenas pressente todo o desejo latente e perdido, de um coração triste e reprimido.

Os pensamentos rebatidos, reconhecendo cada erro, cada falha, a alma arrependida…

Despertar é urgente…
Para que todas as ofensas desapareçam, todas as dúvidas em confiança se convertam e as esperanças perdidas sejam recuperadas na certeza de uma alegria docemente renovada.

Desse canto necessitas de sair!

ass: Faraó