
Do outro lado da rua vivia uma personagem. Tinha um chapéu castanho, com uma fita preta.
Os óculos graduados davam-lhe à face um ar desordenado.
Estupidamente encantado.
De vez enquanto moldava as astes nas orelhas.
Ficavam a modos que eriçadas.
Encrespadas.
Gostava quando ele tirava os óculos e mostrava as pestanas.
Eram negras. Incrivelmente pretas.
E num gesto tirava o lenço.
Daqueles bordados a ressentimentos.
Pareciam cicatrizes.
E tirava o lenço sempre do bolso esquerdo.
No direito estavam os sonhos.
Embrulhados em papel de jornal.
Do outro lado da rua vivia uma personagem.
Tinha um chapéu castanho, com uma fita preta.
E era canhoto !
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