
Hoje sentados num banco. No ‘recreio’.
Chamemos-lhe Joel.
Sentou-se. E brincava com as pedras de cascalho. Sempre com os olhos no chão.
- Estás triste Joel?
[Largo silêncio]
- Stora… a vida é muito curta.
- Não digas isso, então tu tens ainda tantos dias para viver...
- Sim eu sei, tenho quinze anos. Faço dezasseis em Outubro. Dia vinte e cinco. E este ano ‘calha’ a um domingo.
- Então e tu, com essa idade, porquê é que dizes com essa tristeza que a vida é curta?
- Porque as pessoas não são verdadeiras para com o seu interior, nem para os outros.
[Silêncio]
- Sim, tens razão… mas não te podes deixar ir abaixo, Durante toda a tua vida, vais sempre encontrar pessoas que não são verdadeiras. Mas isso ajuda-nos a crescer e a construirmo-nos enquanto seres humanos. Não podes é deixar de sonhar por causa disso. Nem deixares nunca de ser verdadeiro para contigo e para com os outros.
- Mas Stora, eu não quero aturar com essas pessoas toda a vida……
- Nem eu Joel. Nem eu. E muitas vezes também fico muito triste com isso. Mas tento sempre sonhar e sorrir. Olha Joel, tu tens sonhos? Qual é o teu maior sonho?
- O maior dos maiores de todos os maiores?
- Sim! O maior de todos! Qual é o teu?
- O meu maior sonho de todos os sonhos não tem nada a ver com dinheiro. O meu sonho é ser guarda-florestal.
- Para estares em comunhão com a Natureza, e sentires tudo o que é verdadeiro?
- Sim! Para sentir os passarinhos, e o verde, e a vida. Porque a vida sem coisas verdadeiras é uma vida muito curta.
- Tens razão Joel, muito curta mesmo. Por isso é que os sonhos são grandes, imensos e azuis e verdes. Como os teus. Para que vidas como a minha, façam sentido, por existirem pessoas como tu.